O valor representa o quanto as empresas de Bauru que compram e vendem plástico, papel, papelão e alumínio movimentamUm setor que movimenta cerca de R$ 1,37 milhão todos os meses só na revenda de produtos, a reciclagem, está em expansão em Bauru. Dele fazem parte autônomos que catam e separam recicláveis e ganham cerca de R$ 300,00 por mês e empresários que compram e vendem toneladas de plástico, papel, papelão e alumínio. Apostando no futuro promissor do mercado, uma empresa da cidade vai começar a fabricar peças de alumínio com material reciclado ainda neste ano.
Seguindo a tabela de preços da associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) – entidade sem fins lucrativos que se dedica à promoção da reciclagem, em Bauru a venda de latas de alumínio uadas, como as de refrigerante e cerveja, deve gerar em torno de R$ 320 mil ao mês. Já o comércio de garrafas PET usadas gira R$ 64 mil todos os meses. Osmateriais plásticos, mais R$ 120 mil mensais. A venda de papel e papelão para as indústrias de reciclagem representa mais R$ 900 mil. Mensalmente, só com a venda desses produtos às fábricas recicladoras, o setor em Bauru movimenta mais de R$ 1,37 milhão.
Todos os meses, são recolhidas para reciclagem em Bauru 80 toneladas de alumínio; 3 a 4 mil toneladas de papel e 200 toneladas de plástico. Essa montanha de material seria depositada no aterro sanitário, mas com a reciclagem movimenta uma rede que envolve mais de mil trabalhadores autônomos que atuam como catadores, uma cooperativa de 20 famílias, dezenas de depósitos e várias empresas no setor. Ainda assim, estima-se que das 220 toneladas de lixo que são coletadas diariamente na cidade 45% são desperdiçadas porque não passam pela reciclagem.
O processo de reciclagem precisa começar dentro da casa dos bauruenses. Muita gente já se conscientizou da necessidade de reciclar o lixo e por isso separa plástico, papel, vidro e alumínio dos resíduos orgânicos. As sacos com os materiais recicláveis são colocados nas calçadas nos dias em que há coleta seletiva da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). Porém, além de não abranger toda a cidade, o serviço também sofre a “concorrência” de um exército de cerca de mil coletores autônomos. O investimento da prefeitura nesse serviço é de cerca de R$ 400 mil ao ano.
Tanto a cooperativa abastecida pela Semma quanto os catadores vendem material para dezenas de ferros-velhos e depósitos de recicláveis da cidade. Como Bauru ainda não possui indústria que faça a reciclagem propriamente dita, os recicláveis são vendidos a atravessadores, que por sua vez comercializam os produsos para fábricas especializadas em recolocar os materiais na cadeia de consumo.
Apesar disso, a Semma recolheu 100 toneladas a mais neste primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2006. “Foi um aumento de 25%. Em alguns setores, o caminhão percorria 44 quilômetros para coletar 600 quilos. E hoje, é tirada quase uma tonelada a mais no mesmo percurso”, observa o chefe da coleta seletiva da Semma, João Fermino.
DesperdícioO biólogo Ivan de Marchi, do Instituto Ambiental Vidágua, explica que de todo o lixo produzido nas residências, 45% podem ser reciclados, 15% reaproveitados. “Apenas o restante é descartável. Se você observar que todos os dias são mandadas para o aterro 220 toneladas de lixo e mensalmente a Semma recolhe menos da metade do que é produzido em um dia, dá para quantificar o desperdício”, pontua.
O secretário do Meio Ambiente, Rodrigo Agostinho, calcula que a cidade produz cerca de 300 toneladas de lixo diariamente. “Se 220 toneladas vão parar no aterro, calculamos que 80 toneladas são recolhidas todos os dias para reciclagem. Mas 80% desse material são recolhidos pelos catadores autônomos”, afirma Agostinho.
De acordo com o titular da Semma, atualmente os produtos que poderiam ser reciclados ocupam 80% do volume do aterro. “Se isso fosse reciclado, a vida útil do aterro, que hoje está no final, poderia aumentar muito”, destaca.
O empresário Paulo Sérgio de Souza, que mensalmente compra em Bauru 1,3 mil tonelada de papel para reciclagem, conta que ainda se surpreende ao visitar o aterro e constatar a quantidade de garrafas de plástico e papel que ainda são descartados. “Ainda tem muito dinheiro que vai para o lixo em Bauru”, lamenta.
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Jornal da Cidade de Bauru, 30/07/2007)