Os índios brasileiros precisam se adaptar à realidade econômica das regiões onde vivem para não serem engolidos pela mineração, pela extração madeireira e pela expansão do agronegócio. Com essa preocupação, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) promove desde ontem (30) a sexta-feira (3) a 17ª Assembléia Geral em Luziânia (GO), a 60 quilômetros de Brasília.
A entidade espera atrair 170 missionários, lideranças indígenas, antropólogos e convidados de todo o Brasil. Eles estarão em busca de soluções para amenizar o impacto do progresso sobre as comunidades indígenas. “A gente quer encontrar um caminho para que os índios respondam a esse desafio e não sejam prejudicados como ocorre desde a época colonial”, explica o vice-presidente do Cimi, Saulo Feitosa.
Segundo ele, o objetivo do encontro é fazer com que os povos indígenas troquem experiências sobre os desafios que enfrentam para encontrar fontes de sustento no mundo atual. “Da mesma forma que existem povos que ainda vivem da caça e da coleta, há muitas comunidades que tiveram de se integrar às economias regionais porque os recursos naturais se tornaram escassos”, afirma. “Os dois lados vão se sentar e discutir como encontrar formas alternativas de sobrevivência.”
Saulo explica que o projeto de lei em discussão no Congresso Nacional que autoriza a extração mineral em territórios indígenas aumenta ainda mais a preocupação do Cimi. “Nós sabemos os riscos que a mineração em áreas indígenas traz para comunidades, principalmente para aquelas que tiveram pouco contato com a sociedade e ainda têm a cultura preservada”, ressalta.
A assembléia, que também celebra os 35 anos do Cimi, discutirá a atual política indigenista do governo federal. “A gente avalia que, até agora, existem ações isoladas, não propriamente uma política de Estado para o índio no Brasil”, critica Saulo. “As demarcações de reservas indígenas estão paradas e os ministérios atuam de forma descoordenada, sem trocarem informações.”
Para o vice-presidente do Cimi, no entanto, a criação da Comissão Nacional de Política Indigenista pelo governo federal, em junho, foi um passo importante para melhorar a situação dos índios no Brasil. “A gente espera que esse seja um sinal de que o governo passe a agir de forma integrada para criar, de fato, uma política para as populações indígenas do país”, comenta.
O Cimi realiza assembléias gerais a cada dois anos. No encontro desta semana, os missionários também elegerão os novos presidente, vice-presidente e secretário-geral da entidade. Atualmente, quem preside o conselho é o bispo da Prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler.
(Por Wellton Máximo,
Radiobrás, 30/07/2007)