De acordo com estudo intitulado “Diagnóstico das serrarias instaladas no município de Manaus”, ao menos 30% das serrarias que operam na capital não tiveram crescimento qualitativo nos últimos anos, o que significa dizer que as empresas locais não vêm utilizando normas técnicas para a classificação de sua matéria-prima e para o produto gerado, o que compromete a sustentabilidade dos planos de manejo florestal desenvolvidos no Estado.
A pesquisa foi orientada pelos pesquisadores Nabor Pio, doutor em engenharia florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Bruna Fontes, aluna de graduação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O texto será divulgado na Sessão de Pôsteres do 16º Congresso de Iniciação Científica da Ufam, que acontece de 30 de julho a 3 de agosto.
O levantamento foi feito tomando-se como pressuposto que o conhecimento sobre a indústria madeireira amazonense e suas relações com a base florestal é de suma importância para disciplinar o aproveitamento dos recursos estocados, sob o novo paradigma do setor, que é a manutenção do desenvolvimento sustentável. A partir daí, foram descritos alguns fatores referentes à produção, industrialização e comercialização da indústria madeireira do município de Manaus, mediante levantamento do cadastro de serrarias junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Quinze das 45 serrarias listadas na capital amazonense foram avaliadas.
Sobre produção e industrialização, Pio e Fontes indicaram a inexistência de qualificação profissional e mão-de-obra especializada nas serrarias da cidade, além dos funcionários não possuírem graus de instrução acima do nível fundamental. “Os equipamentos são obsoletos, considerando a realidade tecnológica atual. O layout não possui um planejamento adequado e acarreta vários problemas no fluxo de produção”, sugerem os pesquisadores no resumo do estudo (ver http://www.propesp.ufam.edu.br/). Os resultados mostram ainda que o consumo e a produção efetiva das empresas em Manaus se comportam de acordo com o porte das serrarias, sendo que o maior consumo mensal observado na capital foi de 900 metros cúbicos e a produção foi de 650 metros cúbicos.
Segundo a pesquisa, no que tange à comercialização, as espécies mais viabilizadas são o louro (Ocotea spp), o assacu (Hura creptans O.), o angelim-pedra (Dinizia excelsa) e a maçaranduba (Manilkara huberi). Todavia, foi apontado que existe um iminente decréscimo quanto à quantidade de serrarias em operação no município, mostrando que a exploração e o processamento industrial de madeira, dentro de alguns anos, poderão deixar de ser entendidos como uma das principais atividades econômicas do Estado do Amazonas.
O que é manejo florestalA conceituação de manejo florestal está associada, inicialmente, aos determinantes do desenvolvimento em bases sustentáveis que são: promover o capital natural, o capital humano e institucional e ser objeto de análise econômica. Nesse aspecto, não se descarta a análise de custos e benefícios, apesar de suas limitações, como instrumento fundamental na tomada de decisões visando à proteção ambiental.
Assim, o manejo de florestas nativas deve englobar um conjunto de procedimentos e técnicas que assegurem a permanente capacidade da floresta oferecer produtos e serviços, diretos e indiretos, a capacidade de regeneração natural e a capacidade de manutenção da biodiversidade.
Para que os empreendimentos florestais se enquadrem nesse contexto, devem evoluir em rentabilidade, prever segurança e sustentabilidade. Caso contrário, não apresentarão viabilidade econômica, social e ecológica e, portanto, garantia de rendimento sustentado.
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Amazonas Em Tempo, 30/07/2007)