Quando assumiu a presidência da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), em julho do ano passado, Horácio Lafer Piva prometeu que se reuniria com os diversos setores industriais dependentes de madeira natural para debater como o País poderia se organizar para evitar um apagão florestal. A idéia era ampliar a área de florestas plantadas a ponto de garantir que fabricantes de móveis, chapas e os próprios produtores de celulose, entre outros setores, tivessem matéria-prima suficiente para atender à crescente demanda doméstica, impulsionada pela expansão econômica brasileira, e a internacional, alavancada por países como China e Japão.
Passado um ano desde então e a apenas um ano do término de seu mandato, Piva não conseguiu avançar com o projeto e ainda lida com o ´fantasma´ que assombra o setor há meses: a invasão de terras. O problema, que causa insegurança às empresas e aos investidores - Aracruz, Klabin, Votorantim Celulose e Papel e Suzano Papel e Celulose são listadas na Bolsa de Valores de São Paulo -, permanece sendo um dos principais temas a ser debatidos pelo setor. ´Nosso projeto continua sendo apenas um projeto pois temos o problema crescente de invasões que precisamos tratar com atenção´, destaca Piva.
Nas últimas semanas, a Aracruz voltou a ter suas terras invadidas e algumas árvores de eucalipto foram derrubadas. Apesar de ter entrado com ações na Justiça e garantido a reintegração de posse, a empresa não vê esse processo se efetivar uma vez que os funcionários são ameaçados por grupos que alegam que a terra é de propriedade de comunidades quilombolas e, no caso de outras regiões, de comunidades indígenas.
Representantes do Movimento Sem-Terra (MST) também já invadiram terras de empresas do setor alegando que algumas regiões, ocupadas por plantações de eucalipto, são improdutivas. ´Queremos mostrar para a sociedade que o setor da celulose faz parte da solução e não do problema´, destaca o presidente da Bracelpa.
Para tanto, a entidade estuda a elaboração de levantamentos no quais apresentará aspectos sócio-econômicos do setor e as vantagens que a indústria de papel e celulose traz para as regiões onde se estabelece.
(André Magnabosco,
InvestNews, 31/07/2007)