O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, viu pessoalmente na segunda-feira (30/07) os esforços feitos para reverter a degradação ambiental ao redor do maior lago do interior da China, desviando por um dia as atenções do embate monetário com o país asiático. "As mudanças climáticas são uma questão muito importante neste país. E são muito importante globalmente e nos EUA", afirmou Paulson a repórteres durante sua visita ao lago Qinghai, que está encolhendo devido ao aumento das temperaturas.
"Ao vir até aqui, chamo atenção para o que a China vem fazendo do ponto de vista ambiental e dou força ao que eles estão fazendo." Paulson, um ambientalista de longa data que presidiu o grupo The Nature Conservancy, disse ter ficado impressionado com o programa custeado pelo governo chinês. O programa tenta recuperar áreas perdidas para a desertificação por meio do plantio de vegetação em dunas de areia e em áreas antes usadas para cultivo agrícola.
Segundo Paulson, o lago Qinghai e as geleiras do platô tibetano são importantes para o clima global porque o encolhimento do lago e o derretimento das geleiras poderiam alterar de forma permanente as correntes de ar, provocando fenômenos climáticos violentos em outros continentes. De forma semelhante, um aumento na emissão de carbono em outros pontos pode acelerar a degradação do lago.
A parte mais difícil da visita de Paulson à China acontecerá em Pequim, onde o secretário se reunirá com o vice-primeiro-ministro chinês, Wu Yi, e com o presidente do Banco Central do país, Zhou Xiaochuan, na terça-feira. No dia seguinte, Paulson encontra-se com o presidente da China, Hu Jintao.
Segundo o secretário norte-americano, a viagem servirá para pressionar, novamente, pela rápida desvalorização do iuan e por outras reformas, tais como reequilibrar a economia chinesa, afastando-a de sua dependência das exportações e aproximando-a do consumo interno, e aumentar o acesso de instituições estrangeiras ao setor financeiro do país.
A viagem de Paulson acontece no momento em que os congressistas norte-americanos, frustrados com a falta de progresso nos esforços para reduzir o déficit comercial dos EUA com a China, aprovam leis para pressionar a China a permitir que o valor do iuan seja fixado pelo mercado.
O secretário do Tesouro afirmou estar preocupado com essas leis e argumentou que se tratava de uma estratégia errônea. Paulson disse preferir o diálogo como forma de atingir aquelas metas. Mas ressaltou compreender os motivos dos congressistas e a frustração dos norte-americanos em vista do desequilíbrio na balança comercial. "Não quero que a China se transforme em um problema político cada vez maior nos EUA", afirmou.
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Estadão Online, 31/07/2007)