Porto Alegre - Quilombolas da Comunidade de Linharinho, no Espírito Santo, ocupam a uma semana parte de área tomada pela Aracruz Celulose na cidade de Conceição da Barra. Eles exigem que o governo federal faça a demarcação do território, que já foi comprovado como quilombola por estudos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Jô Brandão, uma das integrantes da Comunidade, conta que os moradores estão sufocados pela plantação de eucalipto que a Aracruz tem na área. Os quilombolas, que já foram de 12 mil famílias na região mas hoje só existem 1,2 mil, não possuem mais espaço para plantar. "A comunidade decidiu retomar seu território para sobreviver, porque ela não tem como produzir. Tem muito envenenamento da água, erosão do solo", afirma.
A Justiça já emitiu reintegração de posse à área, mas as famílias não saíram do local.
A Aracruz chegou na região há 30 anos. Desde então, conta Jô Brandão, vem adquirindo terras de quilombolas e pequenos agricultores. Além de oferecer altos preços, a empresa também comprou muitas terras através de "laranjas", que depois repassaram as áreas.
O Incra reconhece como área quilombola cerca de 9,5 mil hectares da região. Deste território, 82% é ocupado pelo plantio de eucalipto da Aracruz. Atualmente, existem 48 famílias vivendo na Comunidade de Linharinho, numa área de apenas 147 hectares.
(Por Raquel Casiraghi,
Agencia Chasque, 30/07/2007)