O boom na agroenergia acelerou a recuperação da agricultura de grãos no Centro-Sul do País. A disparada do preço da soja no mercado internacional abriu perspectivas favoráveis para os produtores brasileiros na safra 2007/2008, que começa a ser plantada em setembro.
A soja, cotada a US$ 14 por saca, supera hoje a média histórica de US$ 10. Com isso, recupera a rentabilidade e volta a competir com a cana-de-açúcar, que, no último ciclo de expansão, invadiu o seu território. Diante da chance de ganhos maiores, produtores reavaliam a troca do grão por canaviais.
As primeiras projeções para a nova safra indicam uma produção recorde de soja com 62,8 milhões de toneladas, segundo a RC Consultores. Para o milho, a perspectiva é de uma safra em 2008, também recorde, de 55,8 milhões de toneladas. Para ambos os produtos, a expectativa é de crescimento de 10%, diz a RC.
Apesar do aumento na produção, os preços não devem recuar tão cedo. “A agroenergia mudou o nível de preços da soja e do milho no curto prazo. Essa valorização deve durar duas safras”, afirma o diretor da consultoria, Fábio Silveira. Para 2007 e 2008, ele prevê preços firmes. Em 2007, tanto a soja como o milho devem ter uma valorização na casa de 30% em dólar no mercado internacional.
O movimento de alta do milho e da soja foi desencadeado pela decisão dos Estados Unidos de ampliar a produção de álcool extraído do milho no fim de 2006. Como a área plantada com milho concorre com a de soja naquele país, a expansão na produção de milho dos EUA provocou queda de 15,1% no plantio da soja deste ano, a menor extensão desde 1996, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.
Isso valorizou as cotações do grão e tem impacto na safra brasileira de grãos 2007/2008, a primeira depois da decisão americana. A valorização da soja já é determinante para uma reavaliação do que produzir entre agricultores de grãos no Brasil.
(
Agência Estado, 29/07/2007)