Tipo de trabalho: Tede de Doutorado
Instituição: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP)
Ano: 2006
Autora: Ana Maria Tibiriçá Bon
Contato: anatbon@fundacentro.gov.br
Resumo:
No Brasil encontram-se em crescimento os índices de prevalência das doenças crônicas causadas pela exposição dos trabalhadores a poeiras minerais. Realizou-se estudo com objetivo de avaliar as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores em marmorarias e propor ações preventivas. Métodos. Realizou-se estudo transversal em 27 marmorarias, no Município de São Paulo que executavam o beneficiamento final de rochas ornamentais, incluindo: a) avaliação da exposição a poeiras e à sílica cristalina respirável por meio de coleta de amostras de ar (n=762), análise por gravimetria e Difração de Raios X e acumulação das exposições estimadas por função conforme história ocupacional; b) aplicação de questionário de sintomas respiratórios (n=267) e avaliação médica, por espirometria e radiogradia de tórax; d) correlação dos resultados de exposição acumulada com achados clínicos e radiológicos por meio de análises estatísticas; e) levantamento de informações sobre os processos de trabalho e alternativas de controle. Resultados. Para os acabadores encontrou-se a maior exposição: concentração de 0,36 mg/m³ (IC95% 0,29 e 0,42) para os granitos e de 0,19 mg/m3 (IC95% 0,16-0,22) para a mistura de matérias-primas. Para estimativa de exposição acumulada à sílica cristalina respirável com mediana de 0,56 mg/m3-anos existiu risco de Odds Ratio igual a 1,2 (IC95% 1,02-1,40) de o trabalhador exposto apresentar classificação radiológica com alterações, presença de pequenas opacidades - profusão ³ 0/1, em relação a um trabalhador não-exposto. A população possuía baixo nível de escolaridade e de renda familiar, com média de idade 35,8 (±11,6) anos. Conclusões. Há exposição excessiva à sílica cristalina respirável nas marmorarias, com valores de concentração ultrapassando até 54 vezes o valor de referência recomendado pela NIOSH 0,05 mg/m3. As matérias-primas mais perigosas foram rochas silicáticas (silestoneÒ, granitos, arenitos e quartzitos). Entre as medidas de controle para as poeiras, caracterizaram-se como mais eficientes as aplicadas a úmido em máquinas e ferramentas.