Suspeita é de que produtos usados em lavouras causem a morte dos insetosSuspeita é de que produtos usados em lavouras causem a morte dos insetosUma das hipóteses mais prováveis – embora ainda sem comprovação – para o desaparecimento de abelhas no Rio Grande do Sul é o uso inseticidas. A suspeita é de que produtos usados em lavouras causem a morte dos insetos sem que haja tempo de eles retornarem às colméias ou de que esses produtos deixem as abelhas desorientadas, impedindo que elas consigam voltar.
– O produto pode afetar a capacidade de orientação das abelhas. Se elas morrem em qualquer lugar, você não as vê aglomeradas. Morrem em meio às plantações, ao campo, às flores e não são encontradas – avalia o biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa (MG), Dejair Message.
Doutor em genética de abelhas e especialista em biologia, manejo e patologia desses insetos, Message coordena um projeto de pesquisa sobre mortandade de abelhas na região de Altinópolis (SP). Explica que o sumiço dificulta a apuração das causas das mortes, já que impede a realização de exames:
– Quando há uma doença, e a abelha morre, é mais fácil pesquisar. Mas quando ela desaparece, fica complicado. Trabalha-se apenas com as populações que ficam e investiga-se diferentes hipóteses: vírus, protozoários, inseticidas – justifica.
Uma pesquisa que começa a ser realizada na instituição mineira deve ajudar a identificar os efeitos de diferentes inseticidas – e o tempo que levam para matar abelhas. Os produtos serão testados junto a colméias, trabalho que não deve ser concluído antes de dois meses.
– Tentaremos identificar que produtos matam de forma instantânea, quais permitem que elas retornem e quais desorientam – adianta Message.
Coordenador do Núcleo de Pesquisas com Abelhas da Embrapa Meio Norte, especializada em apicultura, em Teresina (PI), o pesquisador Ricardo Costa Rodrigues de Camargo comenta que muitas vezes os apicultores não tomam conhecimento de que suas abelhas visitam áreas com agrotóxicos:
– Em geral, elas têm um raio de ação produtivo de 1,5 quilômetro, mas que pode superar os cinco quilômetros. Acabam visitando áreas contaminadas que o apicultor acha que elas não visitam – diz Camargo.
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Zero Hora, 28/07/2007)