Agricultura ecológica e soberania alimentar serão temas do encontro que reunirá pequenos produtores em Venâncio Aires, além dos males causados à saúde pelo tabaco.Porto Alegre, RS – Com o lema “Uma outra economia é possível”, acontece nesta sexta-feira (27/07), em Venâncio Aires, o 17º Seminário Estadual de Alternativas à Cultura do Fumo. Participantes de caravanas vindas do interior do Estado terão palestras e debates sobre agricultura ecológica, soberania alimentar e malefícios do fumo para a saúde. E também vão prestigiar o lançamento da cartilha com a história dos seminários anteriores.
O encontro é uma promoção das Dioceses de Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Cruz Alta, Santo Ângelo, Cachoeira do Sul, a Comissão Pastoral da Terra - CPT e a Cáritas Brasileira Regional RS. A Paróquia São Sebastião Mártir de Venâncio Aires vai sediar o evento que, desde o seu surgimento, revela a preocupação com os pequenos agricultores envolvidos na monocultura do fumo. Outra preocupação forte tem sido com o consumo de cigarro, pois inúmeras são as doenças relacionadas ao tabaco.
O coordenador nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Frei Sergio Göergen, informou à EcoAgência que no Rio Grande do Sul há cerca de cem mil famílias de pequenos produtores rurais ligadas à cultura do fumo. Destes, ele estima que 35% sejam arrendatários. “São famílias que possuem entre três e 12 hectares e são muito dependentes da grande indústria, o que gera uma semi-escravidão,” disse. Para o deputado, ao fornecer todos os insumos, a assistência técnica, e adquirir toda a produção, a grande indústria do setor incentiva a monocultura.
O pequeno agricultor, engenheiro agrônomo e membro do MPA Leandro Noronha explicou que, ao depender somente de uma cultura, o agricultor fica exposto a sofrer as conseqüências de um sinistro ou de uma queda de preço do produto. “O que se pretende falar, também, é sobre a alternativa de produção de alimento integrada à de energia, através da produção de matéria-prima pra biocombustíveis e álcool,” adiantou.
Ambos citaram como uma alternativa para se alcançar a diversificação da produção rural o projeto do Complexo Agroindustrial e Profissionalizante Alimentos e Bioenergia do Vale do Rio Pardo, em andamento. Com ele deve ser implantado um novo modelo tecnológico conjugando produção de combustíveis e alimentos, com geração de trabalho e renda para os pequenos agricultores. Dentre os parceiros, estão o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério das Minas e Energias, a Embrapa e a Cooperbio.
(Por Eliege Fante,
EcoAgência, 26/07/2007)