Com os resultados preliminares dos estudos que antecedem a obra de construção da BR-448, a Rodovia do Parque, a superintendência do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) no Rio Grande do Sul já aponta quais os desafios que a nova rodovia precisará enfrentar para se tornar realidade. Em resumo, diferente das primeiras obras de construção do trensurb e da própria BR-116, a BR-448 tem tudo para se tornar a estrada da conciliação, unindo cidades ao mesmo tempo que projeta desenvolvimento e qualidade de vida. Para isso, precisará superar barreiras relacionadas a desapropriações de áreas, aterros, meio ambiente e urbanismo.
Secretários de Planejamento de Esteio e Canoas, municípios mais atingidos pelo futuro empreendimento, já garantem que a rodovia poderá significar um novo marco de vida de ambas as cidades. O superintendente do Dnit/RS, engenheiro Marcos Ledermann, cita a desapropriação e remanejo de áreas como o maior desafio, já que se trata de uma minuciosa tarefa. Cerca de 1,5 mil terrenos e edificações precisarão ser desapropriadas no trecho de 22 quilômetros da nova estrada.
Somente para duplicar 99,5 quilômetros da BR-101 no Estado - entre Osório e Torres, no Litoral Norte -, estão sendo desapropriadas 1.150 áreas, somando R$ 49 milhões somente em indenizações. “Proporcionalmente, é muita desapropriação para a 448. Mas a BR-101 está servindo de laboratório para que possamos evitar o máximo de problemas aqui”, frisa.
Outro ponto preocupante, é que a BR-448 consumirá grande quantidade de solo para aterro, já que será construída sobre banhados. “Estamos estudando ainda se haverão trechos em elevada. Dependendo do custo do aterro, é uma alternativa a ser aplicada”, pondera Ledermann. A jazida que formará o possível aterro, segundo o engenheiro, está localizada na divisa de Nova Santa Rita com Triunfo, a uma distância grande do futuro canteiro de obras. O traçado previsto da Rodovia do Parque vai aproximar naturalmente o usuário do Rio dos Sinos.
Em contato com um ecossistema tão importante para a região, a preocupação com o meio ambiente é um dos maiores desafios, que consiste em conciliar o desenvolvimento e a preservação da natureza. Em Canoas, o secretário de Planejamento Urbano, Oscar Escher, lembra ainda que a rodovia estará no limite com o Parque Estadual do Delta do Jacuí, uma das unidades de conservação mantidas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
O superintendente do Dnit/RS, Marcos Ledermann, está ciente da complexidade da obra. “Está sendo estudada a alternativa com o menor impacto ambiental e esta será a escolha”, assegura. Em Canoas, evitando um traçado alternativo sobre a Ilha das Garças - que já pertence ao Parque do Delta do Jacuí - , devido aos terminais portuários do Rio Gravataí, um viaduto de 1,5 quilômetros estendido por uma ponte levará a estrada a uma altura de 30 metros do solo, sem causar grandes transtornos aos empreendimentos.
Em Esteio, a secretária de Desenvolvimento Urbano, Bernadete Konzen, reafirma a intenção de ter a Rodovia do Parque próxima ao Rio dos Sinos. “A uma distância mínima de cem metros do leito”, completa. Ela acredita que, com a reaproximação da cidade com o rio, será implantado também um trabalho de educação ambiental, aproveitando a vegetação preservada das margens e evitando a ocupação indiscriminada por meio de submoradias.
Reuniões traçam novos benefíciosAs empresas STE e consórcio Ecoplan/Magna foram as vencedoras da licitação para a elaboração dos estudos ambientais, de viabilidade
técnica e econômica e projeto executivo da Rodovia do Parque,
respectivamente. Com o Dnit, estão sendo feitas reuniões para discutir
o melhor traçado e benefícios que poderão ser agregados a rodovia nos municípios de Esteio e Canoas. Em Canoas, segundo o secretário de Planejamento Urbano, Oscar Escher, o desafio é achar um novo lugar para reassentar cerca de 500 famílias que terão de ceder espaço para a estrada.
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VS, 27/07/2007)