Putinga - Desde o dia 28 de abril o agricultor Deoclides Raimondi, morador de Linha Taquara, a cinco quilômetros do Centro, está sem água potável para ele, sua esposa, dois filhos e para os animais que cria. Desde então tem consumido apenas o produto que lhe é cedido por um vizinho, distante um quilômetro de sua casa. Até há algumas semanas a prefeitura lhe levava água esporadicamente, quando um caminhão abastecia a escola próxima. Como os alunos estão em férias desde o dia 20, ficou com o vizinho a incumbência que deveria ser de responsabilidade da Administração.
Os problemas de Raimondi começaram depois de um teste feito por técnicos da cooperativa para a qual vende sua produção de leite. Análises químicas revelaram que a água utilizada para alimentar o gado estava imprópria para o consumo, contaminando, por tabela, o leite. A negociação foi temporariamente cancelada. A água usada pela família e pelos animais é coletada em uma fonte existente em seu terreno, distante 60 metros do aterro sanitário municipal. Desde abril Raimondi perdeu duas vacas prenhes e duas novilhas por conta da contaminação. Ele afirma que seu filho também foi infectado e ficou doente por alguns dias, tendo até mesmo um atestado para comprovar.
O caso foi encaminhado ao Batalhão Ambiental da Brigada Militar, sediado em Estrela, que ontem foi ao local e solicitou esclarecimentos à Administração Municipal. "A prefeitura terá que apresentar os últimos laudos da água coletada nas imediações e de amostras do aterro", informa o comandante do grupamento, sargento Anestor de Moura. Hoje um relatório deve ser encaminhado ao Ministério Público de Arvorezinha, que auxiliará nas investigações do problema. Licenciado pelo município, o aterro, segundo Moura, descumpre alguns itens existentes em uma lista de restrições. "Encontramos restos de embalagens industriais, de saúde e de agrotóxicos", afirma. "Como é um terreno em declive, os resíduos escorrem e param na fonte do terreno vizinho." A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) também deve ser informada hoje sobre o ocorrido.
O que diz a Secretaria Municipal de Meio AmbienteO secretário Eleandro de Marchi disse, em entrevista gravada, que o aterro tem licença de funcionamento válida até hoje, e que a prorrogação já foi solicitada para a Fepam. Ele afirma que é improvável que tenha havido a contaminação denunciada. Segundo ele, a secretaria fez análise de quatro amostras da água do terreno e o resultado comprova que a mesma está contaminada por coliformes fecais oriundos da própria criação de animais do agricultor. "Nas amostras retiradas do nosso aterro não aparecem coliformes fecais, e nas retiradas da água do produtor, sim", afirma. Os testes teriam sido feitos ao longo de um mês.
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O Informativo do Vale, 27/07/2007)