Moradores do Balneário dos Prazeres reclamam do mau cheiro provocado pelo material despejado na obra que a prefeitura de Pelotas (RS) realiza para conter a voçoroca, no entroncamento da avenida Minas Gerais com a rua Bahia. Segundo a presidente do Centro Integrado Comunitário do Balneário dos Prazeres, Mara Ferreira, desde a última segunda-feira caminhões do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) despejam no local cargas com esgoto oriundo da limpeza de canaletes dos outros balneários.
Ontem pela manhã, acompanhada de outros moradores das redondezas, Mara mostrou à reportagem o que pouco antes fora despejado no local. “A gente não é contra o trabalho. Pelo contrário, estamos satisfeitos com a obra que vai solucionar um problema de anos. O que não dá para entender é por que limpam o lado de lá e trazem as sujeiras pra cá”, reclama a presidente. “O que não sabemos é se isto é correto”, complementam o contador Alceu Siegert e o comerciante Luiz Fernando Giampaoli.
A motorista Luísa Elena Borges, 45 anos, que há cinco mora em frente ao canalete onde recentemente foi feita a tubulação para o escoamento da água, não aceita que o lixo dos outros balneários seja levado para lá. “Isso acaba poluindo ainda mais a Lagoa. Eu nem chego na beira da água, mas minha mãe de 78 anos gosta de às vezes dar uma caminhada e ir até lá”, afirma. Segundo ela, tem vizinhos com problemas respiratórios, de enfisema pulmonar e até câncer que são obrigados a conviver com o odor.
Outras queixasMas este não é o único problema que atinge os moradores do Balneário dos Prazeres. O contador Alceu Siegert reclama que as áreas próximas à praça Aratiba - no sentido dos demais balneários (Norte) - recebem mais atenção das autoridades. Apesar das várias reivindicações feitas às autoridades, até com abaixo-assinados, a avenida Minas Gerais, conforme o morador, até hoje nem sequer é patrolada.
Em direção à Lagoa dos Patos, a avenida Mato Grosso do Sul não existe mais por causa do assoreamento. “Ela só aparece nos mapas de guias telefônicos”, enfatiza. Segundo ele, o local onde poderia ser feita a unificação com os demais balneários está sendo ocupado por moradores de outras localidades. “Isto aqui está de um jeito que espanta turista. A Prefeitura deveria dar mais atenção para nós”, reforça o comerciante Luiz Fernando Giampaoli.
O que diz a SQAO titular da Secretaria Municipal de Qualidade Ambiental (SQA), Leonardo Cardoso, nega que o material colocado na obra de contenção da voçoroca seja esgoto. Segundo ele, trata-se de lodo retirado da limpeza que é feita na avenida Espírito Santo, no Laranjal. O secretário esclarece que este material misturado com os galhos despejados na área acelera o processo de compactação. “O que está sendo feito é bom para ajudar na decomposição dos galhos e formar a massa para dar a compactação necessária”, diz. Todo o trabalho é feito com orientação técnica.
Cardoso comenta que esta é uma medida paliativa para que o problema seja resolvido de imediato. Mais intervenções, com a participação de outras secretarias e do próprio Sanep, estão previstas.
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Diário Popular, 27/07/2007)