HIDROVIA ARAGUAIA-TOCANTINS AFETARÁ 13,3 MIL ÍNDIOS
2001-11-19
Cerca de 13,3 mil índios de onze grupos poderão ser afetados direta e indiretamente com a construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins. Os principais atingidos são os grupos que vivem à beira do rio: tapirapés, karajás e xavantes. A análise faz parte do livro Um olhar indígena e popular sobre a hidrovia Araguaia-Tocantins, organizado pelo deputado estadual Gilney Vianna (TO) e lançado na semana passada na Assembléia Legislativa. O livro reúne posicionamentos públicos de representantes de povos indígenas, principalmente das aldeias mais atingidas, contra a construção da hidrovia. As entidades indigenistas sustentam que o dinheiro da construção seria melhor aplicado em empreendimentos como a melhoria das rodovias já existentes (BR-158 e BR-242), já que a maioria da produção é transportada pelas estradas. -Tem que fazer BR de estrada e não abrir o rio, afirmou o representante dos xavantes, Augusto Werehipe, ontem durante o lançamento. Dos 10 milhões de toneladas de soja produzidos nos Estado, apenas 150 mil são transportados pela hidrovia.-O problema é o estrago para os ribeirinhos, índios, que vão perder o seu santuário que é o Araguaia, disse o presidente do Grupo de Trabalho Missionário Evangélico (GTME), Lúcio Flores, que também é índio do grupo terena. Ele reforça que o rio, para os índios, tem um significado muito maior do que fonte de alimentação e lazer. -O rio é um espaço sagrado, onde os pajés buscam orientação. O índio quer o rio como vida e não só como estrada, ressaltou.