Um dia após as declarações do governador José Roberto Arruda disparadas contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a superintendência do órgão rompeu o silêncio e rebateu as críticas. O superintendente do Ibama-DF, Francisco Palhares, convocou a imprensa na tarde desta quarta-feira para se pronunciar sobre o episódio. Ele classificou como lamentável a postura do governo e disse estar preocupado com o diálogo. “O Ibama não tem por objetivo atravancar as propostas do governo, ao contrário do que foi dito. Acho que o governador foi infeliz na sua declaração. Cabe a ele se explicar”, rebateu.
A irritação do governador ganhou voz por causa da construção de um curral comunitário na região administrativa do Varjão. Segundo Arruda, o projeto foi vetado pelo Ibama. “Eles não têm a menor noção do que é o Varjão. O Ibama é um corporativismo nefasto”, atacou ele na ocasião.
O imbróglio no Varjão se arrasta desde a administração do ex-governador Joaquim Roriz. Em 2005, o GDF havia se comprometido em assinar um Termo de Ajustamento de Conduta que estabelecia normas de ocupação no local, que fica próximo a uma Área de Preservação Permanente (APP). Desde então, as recomendações não foram cumpridas, inclusive pela gestão atual. “O Ministério Público Federal já se pronunciou sobre o assunto, mas nem assim o governo segue as recomendações”, alega o superintendente o Ibama-DF.
O governador José Roberto Arruda desafiou o Ibama durante suas declarações. Prometeu que irá construir o curral comunitário mesmo sem o consentimento do órgão. O órgão ressaltou , no entanto, que o GDF não tem permissão legal para agir sozinho. “O licenciamento ambiental não prevê nenhum tipo de construção desse porte naquela região. Não seremos que iremos dizer isso ao governo, mas a Justiça”, observou Palhares.
(Por Thomaz Pires,
Correio Braziliense, 26/07/2007)