Também há resultados não contabilizáveis. Os 20 mil habitantes de Três Coroas eram os primeiros prejudicados pelo lixo industrial abandonado. Queimados, os restos de couro produzem gases tóxicos. Abandonados, liberam produtos químicos utilizados no curtimento e no tingimento, contaminando a água, na maior parte dos casos com cromo, metal pesado que se acumula nos organismos vivos. Além disto, desde 1998, a central de triagem recebe e comercializa também resíduos recolhidos por escolas e entidades comunitárias do município, devolvendo-lhes o produto da venda. A creche Casa de Recreação Arca de Noé, por exemplo, que conseguiu os melhores resultados, já recolheu oito toneladas. Assim, a consciência ambiental transborda das indústrias e se dissemina pela cidade. Uma das associadas ao sindicato, que industrializa couro sintético, destina os metros iniciais da produção diária, em que as cores ainda estão sendo ajustadas, à confecção de sacolas de compras. Estas são distribuídas à população nas feiras dos produtores rurais do município, que vendem alimentos sem agrotóxicos. Desta forma, se objetiva o abandono dos sacos plásticos descartáveis, usualmente distribuídos nos estabelecimentos comerciais para o transporte das compras. Coisa de primeiro mundo, diz o presidente do Sindicato, Ricardo Müller, lembrando que rejeitar o descartável é um hábito que se afirma nos países onde a consciência ecológica é mais forte, especialmente na Europa. Com o mesmo material, já foram produzidos 1700 estojos e 2800 pastas, destinados às crianças em idade escolar do município. Aliás, ecologia e meio ambiente é disciplina corrente nas salas de aula da rede municipal de ensino. Nas demais, o próprio sindicato agenda sistemáticas palestras de conscientização.