Retirada de madeira aconteceu com a permissão do governo do país
Um sobrevôo na região fronteiriça do Estado identificou que ao longo de quatro anos os madeireiros do Peru fincaram aqui cerca de 70 pontos de invasão, todos com a intenção de retirar ilegalmente a madeira do Acre. O que não se podia esperar, no entanto, é que o governo daquele país consentisse com a ilegalidade, liberando aos madeireiros uma carta que estabelece a área de permissão para desmate, que não só atinge a fronteira com o Acre como também invade as terras do Estado por vários hectares.
A confirmação veio a partir de um relatório feito pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante a Operação Fronteira, que propõe reprimir e combater ilícitos ambientais. No dia último dia 17, a equipe, composta por fiscais do Ibama, policiais federais, homens do Exército e do Comando de Operações Táticas da PM, saiu de Cruzeiro do Sul em aeronaves com destino à comunidade Foz do Breu, localizada na Reserva Extrativista Alto Juruá, no município de Marechal Thaumaturgo.
Na região a equipe instalou uma base e constatou a invasão através de cartas cartográficas do Exército Brasileiro e GPS. A operação abrangeu Marechal Thaumaturgo, atendendo a comunidade Foz do Breu, da Reserva Extrativista Alto Juruá e da Área Indígena Ashaninka.
"Nessas áreas chegamos ao conhecimento de que os madeireiros estavam com 21 concessões dada pelo governo peruano para o desmate dentro do território acreano", declarou o superintendente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck. Forneck admitiu que o Ibama não tem condições de proteger a fronteira de forma eficaz, já que ela representa cerca de 340 quilômetros. "Teríamos que ter pelo menos dez equipes, fixadas em dez postos nessa região, para tentar impedir as invasões", completou.
Diante da situação, ele disse que o relatório feito em conjunto com os órgãos deverá ser apresentado ao Ministério do Meio Ambiente para que o órgão busque negociações com o governo peruano no que diz respeito ao controle de invasões.
Na prática, o Ibama quer que o Peru não conceda mais permissões abusivas de desmate em terras acreanas e com isso contribua para o monitoramento. É cabível ainda, neste caso, que seja estabelecida uma faixa de proteção na qual sejam proibidos o desmate dentro de uma área de cinco quilômetros para dentro do Estado e cinco quilômetros dentro daquele país, a contar da fronteira, segundo Forneck.
(Por Renata Brasileiro,
Página 20, 26/07/2007)