A ausência das termelétricas a gás natural não passou despercebida no quarto leilão de energia nova, encerrado ontem (26/07). Dos 33 empreendimentos inscritos, apenas 12 térmicas negociaram energia, todas movidas a óleo combustível. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, reconheceu que o preço do insumo não estava competitivo para este leilão. "O combustível que está vindo é o gás natural liquefeito (GNL), que não estava competitivo para este leilão", afirmou o executivo.
Quatro usinas a gás estavam previstas para participar do leilão, mas acabaram não negociando energia, como alertou esta semana a Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget). O preço-teto de R$ 140/MWh era apontado pela entidade como o fator da desistência. Tolmasquim admitiu que, por conta do GNL e das regras atuais de despacho das usinas, o preço ideal seria entre R$ 150/MWh e R$ 160/MWh, como pleiteava o mercado. "Mas nós sabemos que o gás pode ser mais competitivo que isso", ressalvou.
Na avaliação do executivo, o preço médio de R$ 134,7/MWh para fonte térmica é um ponto positivo do leilão. Para Tolmasquim, isso mostra que prevaleceu a competição e que é possível ter usina térmica operando a valores competitivos, em patamares que outras fontes não atingiram ainda. Para efeito de comparação, ele lembrou que se as térmicas emergenciais a óleo combustível tivessem sido contratadas conforme os parâmetros atuais, o preço da energia seria de R$ 256/MWh. "Essas térmicas do leilão são muito mais eficientes do que as emergenciais, o que gera economias de custos", disse.
'Jogo pesado'O executivo afirmou que "esse resultado também é importante porque obrigará outras fontes térmicas, que vem realizando um jogo pesado para aumentar a energia, a reduzir o seu valor, porque do contrário ficarão de fora. Desmascarou o argumento de que ou aumenta o preço ou faltará energia", disse o executivo em tom de crítica, direcionada também para os investidores de usinas a biomassa, que também decidiram ficar de fora do leilão. "Não há como justificar para a sociedade aumentar o custo da energia se há fontes mais baratas."
SurpresaPara Tolmasquim, a queda no preço, considerando que as térmicas começaram a ser negociadas a partir de R$ 140/MWh, surpreendeu. Segundo o executivo, as medidas anunciadas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), como alterações nas condições do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a isenção de PIS/Cofins, influenciaram positivamente neste leilão. "Além disso, temos a queda da taxa Selic e o risco-país em baixa", acrescentou.
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Agência Estado, 26/07/2007)