Se seguir este exemplo, a indústria brasileira de calçados irá recuperar, anualmente, para reciclagem, outras 32,4 mil toneladas de matéria-prima. Empresas implantam solução modelo para resíduos industriais. O município de Três Coroas, no pé da Serra gaúcha, torna-se referência nacional em manejo ecológico de resíduos industriais. Todas as 92 empresas associadas ao Sindicato da Indústria do Calçado do município inauguraram um sistema modelar e inédito no país, que entra agora em operação plena, dando destino adequado a 230 toneladas mensais de resíduos. Além disto, dão solução definitiva a 2,8 mil toneladas de material perigoso, especialmente restos de couro tratado com produtos químicos altamente agressivos ao meio ambiente (o couro com o íon cromo + 3 é caracterizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como resíduo perigoso classe 1, ao lado dos herbicidas, pesticidas, venenos, e metais como mercúrio e cádmio). Durante os últimos cinco anos, esses resíduos foram separados, embalados e ficaram estocados em segurança. A ação transcende o ambiente empresarial e se multiplica em iniciativas ambientais nas entidades comunitárias e escolas do município. Ao mesmo tempo, por meio do sindicato, as indústrias auferem resultados com a venda de material reciclável. Os negócios incluem até a exportação de resíduos para a Alemanha. O rio Paranhana, que cruza a cidade, é um dos principais afluentes do rio dos Sinos que, por sua vez, alimenta o estuário do Guaíba. Juntos, os dois primeiros banham a principal região produtora de calçados do país. A iniciativa beneficia o trecho onde a contaminação do Paranhana por resíduos industriais começava a tomar proporções maiores. Desta forma, torna-se duplamente importante para sua recuperação: é modelo para as demais cidades da região e libera águas mais limpas para as comunidades do curso inferior do rio.