O diretor da Amel, João Canellas, estará hoje (26/07) na Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Fazenda para pedir a anulação do contrato entre a construtora Odebrecht com a estatal Furnas Centrais Elétricas envolvendo a disputa das hidrelétricas do rio Madeira.
A Amel foi criada pela construtora Camargo Correa para disputar a licitação das duas usinas e Canellas considera que o acordo Odebrecht/Furnas impede uma "concorrência justa" no negócio, que deverá gerar mais de R$ 20 bilhões em investimentos nos próximos seis anos. "Vamos pedir a anulação de um contrato que é ilegal", disse Canellas, em entrevista à Agência Estado.
O executivo disse que não conhece os termos exatos do acordo Odebrecht/Furnas, mas há informações de que, além das duas empresas, incluiria também três grandes fabricantes de equipamentos (Alstom, Voith Siemens e Vatech), seguradoras e até os maiores bancos brasileiros. "Se o contrato vigorar até o leilão e outro consórcio ganhar a disputa terá de importar turbinas, geradores e transformadores. Vamos exportar empregos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)", criticou Canellas.
Na avaliação da Camargo Correa, o leilão do Madeira será "muito disputado". Além da Odebrecht/Furnas e da Camargo Correa, estariam no negócio o grupo Suez/Tractebel, um grupo unindo Alusa/Schahin Cury/Citic (chinês), além de distribuidoras integradas por Cemig/Light e outras empresas do setor. "Pode ter certeza de que a disputa vai ser acirrada, desde que seja uma concorrência leal. O BNDES informou que há 20 a 30 grupos empresariais no Brasil em condições de disputar a licitação", complementou. A Camargo Correa está convidando grandes consumidores de energia para integrar o seu grupo.
Falta de informaçãoO executivo reclamou ainda da falta de informações detalhadas sobre o projeto, já que os estudos de viabilidade econômica foram feitos por Odebrecht/Furnas. "Agora eles não querem detalhar algumas informações, fundamentais para fixação de preços", reclama o representante da Camargo Correa. "Eles passam a ter informações privilegiadas", disse Canellas, que está solicitando que o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atuem para a divulgação de todas as informações disponíveis.
"Temos certeza de que os custos do Madeira podem ser muito menores do que as informações preliminares que temos tido acesso. Há muito gordura por ali", criticou. Segundo ele, há avaliações de uma consultoria internacional, contratada pelo Banco Mundial, que apontam para reduções de até 20% nos custos totais da obra. "Temos de criar condições para uma concorrência justa", reiterou Canellas.
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Agencia Estado, 25/07/2007)