PESQUISAS DA ANVISA SOBRE DIOXINAS AINDA SÃO INCIPIENTES
2001-11-16
Ingresso diário tolerável para dioxinas foi o tema da palestra do doutor em Bioquímica e coordenador do Instituto de Saúde Pública e Meio Ambiente da Holanda, Rolaf van Leewen, durante mesa-redonda realizada terça-feira (13/11) no XII Congresso Brasileiro de Toxicologia, encerrado ontem (15/11) na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre. O pesquisador europeu apresentou os limites indicados por diferentes órgãos governamentais sobre a quantidade de dioxinas que pode estar concentrada nos alimentos, sem que haja perigo de afetar o ser humano. O problema é que uma série de fatores precisam ser levados em consideração, tais como a dieta alimentar de cada cultura e as variações entre as espécies, bem como a maior sensibilidade das cobaias analisadas em laboratório às dioxinas. Isso dificulta a criação de um índice padrão consensual para ingestão da substância. Assim, cada instituição chega a um número próprio. Às vezes, um país tem dois órgãos (governamentais ou não) que indicam taxas diferentes de aceitação às dioxinas. Apesar deste conflito, o fato é que, bem ou mal, existe um controle. Contrastando com países desenvolvidos - como os da União Européia e os Estados Unidos -, o Brasil ainda está longe de estabelecer tais normas, pois não tem pesquisas suficientes sobre dioxinas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), braço do Ministério da Saúde, não reúne muitas informações e estudos sobre o assunto, ao menos que tenham sido produzidos no Brasil. - Baseamo-nos em dados internacionais, conforma-se a assessora de Saúde Pública da Diretoria de Alimentos e Toxicologia da Anvisa, Ana Maria Braga. Apesar disso, ela indica que estão começando a surgir estudos na área, mesmo que incipientes. Um exemplo é a construção de um laboratório para a análise de dioxinas, em nível federal, que está em fase de implementação. Outra ação de destaque da Anvisa é a cooperação com a Organização Mundial de Saúde (OMS) na 3ª Rodada de estudos sobre resíduos de dioxina e PCBs. A contribuição do Brasil se dá através de pesquisa com leite humano. As mães que tem o material coletado devem atender a alguns pré-requisitos: mãe de primeiro filho, único bebê, morar há cinco anos no mesmo lugar, num local que tenha indicação de fontes geradoras de dioxinas, tais como zona rural (pelo uso de agrotóxicos), ou industrial. Atualmente, a coleta é pela parceria do Ministério da Saúde com bancos de leite. São dez, ao todo, espalhados por nove estados do Brasil, em locais como Cubatão (SP) e a área rural da Paraíba.