Por mais que o Brasil se esforce para abrir mercados para exportar etanol, estudos da UE - União Européia apontam que o bloco somente importará um volume de biocombustíveis equivalente a 2% de seu consumo de combustíveis para transporte até 2020. As estimativas indicam que a UE tentará introduzir o etanol como a grande oportunidade para a agricultura do bloco, hoje sob pressão. Por isso, fará de tudo para manter seu mercado fechado por vários anos e usará os próximos anos para construir um setor competitivo antes de enfrentar a concorrência.
'A produção de bioenergia é uma das maiores oportunidades para a agricultura européia no médio prazo', afirma o levantamento feito por Bruxelas, que explicita a estratégia do bloco para a próxima década no setor. O projeto da UE é ter 10% de seu consumo baseado no etanol até 2020, o que significaria 10,8 milhões de toneladas. Desse total, 20% seriam importados e o restante seria garantido por uma produção baseada em novas tecnologias, maior produtividade da terra e áreas deixadas por setores que já perderam a competitividade, como o da carne.
Segundo o levantamento, nem mesmo os 20% de etanol que serão importados poderão vir só do Brasil. Até 2020, a UE espera que 30% de seu consumo de etanol venha de um novo biocombustível, que não usaria cana e seria até 40% mais eficiente. Parte viria de madeira e mesmo de cereais, produção típica de zonas temperadas. Essa segunda geração do etanol entraria no mercado em 2014.
Segundo as estimativas, a produtividade da terra no bloco poderá aumentar, principalmente porque a segunda geração do combustíveis exigiria terrenos menores para produzir quantidade maior de energia. Outro fator que contribuiria seria a estagnação e até queda na população, o que reduziria o consumo de alimentos.
Além disso, a concorrência externa em setores como o de carne está levando muitos fazendeiros à falência, abrindo áreas para o biocombustível. 'Como resultado do aumento da produtividade e dos mercados de alimentos estagnados, a capacidade para etanol será maior em 2020', diz o texto.
Os europeus acreditam que até 2020 precisarão de 17,5 milhões de hectares - 15% da terra arável do continente - para produzir etanol. Novos empregos seriam criados e 18% da produção de cereais iria para o etanol, ou seja, cerca de 59 milhões de toneladas de milho e trigo. Nesses setores, as exportações diminuiriam significativamente e grande parte da produção seria para uso doméstico.
(Estadão Online, 26/07/2007)