Reportagens veiculadas na imprensa nacional sobre a hiperconcentração de algas em Penha e São Francisco do Sul, no Litoral Norte, estão prejudicando os maricultores das baías da Ilha de SC, que respondem por quase 90% da produção brasileira. Donos de restaurantes de São Paulo, principais consumidores fora do Estado, criaram uma imagem negativa das iguarias com o fenômeno, e começaram a interromper os pedidos.
O coordenador de maricultura, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), Felipe Suplicy, passou a terça-feira corrigindo as desinformações. Ele afirma ter comunicado mais de 50 restaurantes.
Alguns empresários paulistanos, como Benny Novak, sabem que a região de Florianópolis está isenta das algas. Outros, entretanto, como Belarmino Iglesias, da rede Rubaiyat, justificam a suspensão das encomendas como medida preventiva.
- Nossa fornecedora disse que o problema não tem nada a ver com as baías da Ilha de SC. Mas não estamos servindo ostras nem mexilhões - confessou Novak.
De fato, segundo Suplicy, a proliferação de microalgas no Litoral Norte não afeta outras regiões. Este é um fenômeno natural, isolado, que pode ocorrer em qualquer oceano, a qualquer tempo. Em SC, registram-se apenas três anteriormente, segundo oceanógrafos da Univali.
Estas algas (Dinophysis Acuminata) estão sempre presentes no mar. Quando encontram condições ideais de reprodução, ocorre a popular "maré vermelha".
Iguaria precisa de alguns dias para depurar a toxina
Os moluscos são filtradores da água do mar, por isso retêm a toxina das algas, que causa dor de cabeça, náusea e vômito. Eles precisam, então, de alguns dias (10 a 20) para depurá-la: por isso a interdição. Passado o período, o consumo pode ocorrer normalmente, sem prejuízos à saude.
O proprietário da Atlântico Sul, maior fazenda marinha de Florianópolis, Fábio Brognoli Faria, afirma que, ontem, os pedidos começaram a ser suspensos. Ele avaliará, a partir de hoje, os prejuízos.
A interrupção da comercialização de ostras e mariscos em Penha e São Francisco do Sul foi determinada pela Seap, na sexta-feira. Esse procedimento também foi adotado quando a hiperconcentração de algas ocorreu nas baías da Ilha de SC, em fevereiro; e em Governador Celso Ramos e Bombinhas, em março. Os próprios maricultores solicitaram, nestas ocasiões, total transparência com o problema, para evitar prejuízos à imagem, em detrimento de um pequeno período sem negócios.
(Por Felipe Faria,
Diário Catarinense, 26/07/2007)