Pelo menos 77 crianças já morreram no Peru em conseqüência das baixas temperaturas que castigam comunidades das zonas mais altas do país. Temperaturas abaixo de zero obrigaram as autoridades a deslocar médicos e funcionários da Defesa Civil para áreas remotas da cordilheira dos Andes.
Crianças menores de cinco anos morreram depois de terem contraído doenças respiratórias nas regiões de Cuzco, Arequipa, Puno, Junín, Apurímac, Huancavelica, Pasco e Ayacucho, todas localizadas em altas altitudes. O ministro da Saúde do Peru, Carlos Vallejos, disse à BBC que, apesar das más notícias, as autoridades esperavam um quadro ainda pior.
"Hoje temos 77 mortes por pneumonia. Isso inegavelmente não é um resultado que nos dê tranqüilidade nem que nos deixe contentes, porque o valor de uma vida é algo incalculável, mas a verdade é que esperávamos algo maior", afirmou Vallejos. O ministro acrescentou que mais de 1,8 mil médicos foram deslocados para zonas rurais do país, que ficam distantes de hospitais e centros de saúde e onde foi registrado o maior número de doenças respiratórias. Em altitudes de 3,8 mil metros acima do nível do mar, os termômetros registraram temperaturas de -20ºC.
Campanha de agasalhos
A fim de ajudar os mais afetados pelo frio, o Instituto de Defesa Civil (Indeci) está coordenando uma campanha de arrecadação de agasalhos no Peru. Segundo o diretor do Indeci, general Luis Salomino, apenas na capital, Lima, pessoas físicas, empresas e instituições públicas doaram mais de 300 toneladas de roupas e outros donativos. Espera-se que o frio intenso continue até pelo menos setembro e possa atingir inclusive regiões amazônicas que, segundo as previsões, podem registrar -10ºC, algo incomum para zonas baixas e chuvosas.
"Estima-se que essas condições prevalecerão nessas regiões, em especial as que estão localizadas acima dos 3 mil metros de altitude, onde o termômetro continuará em marcas abaixo de zero", prevê o meteorologista Willy Flores, do Serviço de Meteorologia e Hidrologia do Peru. Diante desse cenário, a expectativa é de que o número de pessoas afetadas por doenças respiratórias ultrapasse os 70 mil.
(Por ALFREDO OCHOA, BBC Brasil, 25/07/2007