O Governo da Austrália vai propor a venda de urânio à Índia, que porém não assinou o Tratado de Não-Proliferação (TNP) de armas nucleares, informou nesta quinta-feira (26/07) a imprensa australiana. O ministro de Relações Exteriores, Alexander Downer, vai apresentar a proposta ao Comitê de Segurança Nacional australiano, segundo o jornal "The Australian".
O primeiro-ministro, John Howard, defende a medida. Ele considera que a opinião pública não entenderá por que a Austrália pode vender urânio à China e não à Índia, que também precisa de energia nuclear para reduzir o uso de combustíveis fósseis. Nova Délhi tem um histórico impecável no que diz respeito à proliferação de tecnologia atômica, disse o jornal, enquanto Pequim enfrenta acusações de cumplicidade na exportação de tecnologia nuclear.
O "Australian" explicou que o Governo australiano esperou a conclusão das negociações entre Estados Unidos e a Índia para a assinatura de um acordo nuclear. Os termos do pacto, revelados ontem, especificam que os EUA fornecerão tecnologia atômica à Índia, em troca de inspeções nas instalações nucleares civis indianas por parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O acordo ainda deve ser ratificado pelo Congresso dos EUA. Além disso, a Índia precisa do sinal verde do Grupo de países Provedores de Energia Nuclear.
Ian Macfarlane, ministro de Indústria e Recursos Naturais australiano, disse em maio que o Governo respeitaria a proibição de vender urânio a países não signatários do TNP. No entanto, o vice-primeiro-ministro, Peter Costello, apontou hoje a possibilidade de "uma mudança de política" no tema. - Qualquer venda terá que obedecer a condições estritas - disse Costello à rádio "Southern Cross". Ele ressaltou que a Índia teria que utilizar o urânio australiano unicamente para gerar energia.
A oposição trabalhista denuncia que a venda de urânio à Índia inutilizará o TNP. Democratas e a organização ambientalista Greenpeace opinam que a negociação tornará o mundo menos seguro. O TNP entrou em vigor em 5 de março de 1970. Os Estados signatários se comprometem a não fornecer armas nucleares a países que não as possuem. Coréia do Norte, Índia e Paquistão, entre outros países, não assinaram o TNP.
(Efe, 25/07/2007)