O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o líder líbio, Muammar Khadafi, assinaram na quarta-feira (25/07) um acordo para um projeto conjunto de energia nuclear para uso civil. Também firmaram acordos nas áreas de segurança, saúde e imigração. "O objetivo é cooperar para a instalação na Líbia de um reator nuclear para fonecer água potável a partir da dessalinização da água do mar", disse o porta-voz de Sarkozy, Claude Gueant.
Os dois líderes se reuniram na capital da Líbia, Trípoli, um dia depois de o governo líbio libertar cinco enfermeiras e um médico da Bulgária que estavam presos no país havia oito anos. O encontro é considerado um sinal de normalização das relações entre a Líbia e a União Européia, depois da libertação da equipe médica. A União Européia e os Estados Unidos tinham deixado claro para Khadafi que a solução da situação da equipe médica era essencial para melhorar as relações com a Líbia.
As cinco enfermeiras e o médico (que é palestino mas obteve nacionalidade búlgara no mês passado) foram presos em 1999, sob a acusação de infectar com o vírus HIV 438 crianças em um hospital na cidade líbia de Benghazi. Em 2004, eles foram condenados à morte. Sua condenação provocou protestos internacionais. Eles negavam as acusações.
Na semana passada, a pena de morte foi transformada em prisão perpétua pelo Alto Conselho Judicial líbio, após a decisão dos familiares das crianças infectadas de aceitar uma indenização de US$ 1 milhão por criança e retirar o pedido para que os réus fossem executados. Na terça-feira, a equipe foi libertada e enviada à Bulgária. Ao chegar ao país, receberam o perdão do presidente búlgaro, Georgi Parvanov, o que foi criticado por familiares das crianças infectadas.
Negociações
A libertação da equipe médica foi resultado de um acordo fechado em Trípoli, depois de vários anos de negociação, para melhorar as relações entre a Líbia e a União Européia. Tanto Sarkozy quanto sua mulher, Cecilia, estiveram envolvidos nas negociações finais.
Segundo Rana Jawad, correspondente da BBC em Trípoli, a Líbia começou a se livrar do status de "pária" em 2003, depois que Khadafi abandonou o programa de armas nucleares do país. A Líbia também admitiu a responsabilidade pela explosão de um avião sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988, um atentado que matou 270 pessoas.
Desde então, as sanções internacionais contra o país foram gradualmente suspensas. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que pretende visitar a Líbia em breve e disse que o investimento dos Estados Unidos no país pode crescer. "Eu sei que empresas americanas estão muito interessadas em trabalhar na Líbia", disse Rice em Washington.
(BBC, 25/07/2007)