Aumentar a oferta de produtos orgânicos nas gôndolas dos supermercados tornou-se estratégico para as redes varejistas. De olho em um mercado que cresce cerca de 30% ao ano no mundo, o varejo se movimenta para oferecer mais produtos ao consumidor a preços mais convidativos. Para as redes, reduzir a diferença de preço entre o produto orgânico e o convencional ainda é o grande desafio.
Há um ano o Wal-Mart traçou a meta de ter, até este mês, 600 produtos orgânicos nas prateleiras. Chegou a 1,4 mil, por meio de um programa de incentivo aos fornecedores. 'Eles foram convidados a oferecer uma gama maior. Também fomos a campo prospectar novos fornecedores', diz o diretor-geral de perecíveis do Wal-Mart, Luiz Rego.
A maior oferta trouxe ganho de escala à rede, que tem conseguido manter o preço dos orgânicos em patamares mais baixos. 'Tivemos uma redução de cerca de 30% no preço dos produtos orgânicos em relação a 2006. Ao mesmo tempo, as vendas cresceram 140% desde novembro', diz Rego. Hoje, a diferença entre o produto orgânico e o convencional gira entre 20% e 25%. 'O orgânico era 100% mais caro. O preço é fundamental para atrair o consumidor.'
O Grupo Pão de Açúcar também tem diversificado a oferta de orgânicos. Além das tradicionais hortifrúti, a estratégia do grupo é oferecer mais produtos com sua marca própria de produtos saudáveis, a Taeq. Atualmente, são 50 produtos, entre frutas e legumes em bandejas e saladas higienizadas. Para o ano que vem, serão oferecidos produtos na área de mercearia.
'Os orgânicos deixaram de ser nicho de mercado. A aceitação é grande até entre consumidores de menor poder aquisitivo', diz o diretor de comercialização de frutas, legumes e verduras do Pão de Açúcar, Leonardo Miyao. A redução de preços passa por aumento da oferta e profissionalização da produção, segundo o executivo.
O Carrefour segue pelo mesmo caminho e deve lançar, em agosto, sua estratégia para o segmento. Por enquanto, o grupo francês guarda segredo. 'Será um grande projeto de produtos orgânicos para todas as lojas do País', limita-se a dizer a empresa.
O interesse das grandes redes trouxe diversidade de produtos às gôndolas. No início da década, era possível encontrar apenas verduras orgânicas nas lojas. Hoje, a oferta abrange produtos como carne, frango, ovos, laticínios, açúcar, café, chás, sucos, cosméticos, embutidos e até bebidas alcoólicas. O consumo mundial de orgânicos movimentou US$ 39 bilhões em 2006, no mundo todo. No Brasil, esse mercado é estimado em US$ 200 milhões.
(Por Andrea Vialli,
O Estado de S. Paulo, 25/07/2007)