Transformar o óleo que você utiliza em casa para fritar seus alimentos em um novo tipo de combustível, menos nocivo ao meio-ambiente. Loucura? Não para os alunos e professores do curso de Química da Ulbra, que depois de três anos de pesquisa em desenvolvimento de tecnologia para reciclar o produto, conseguiram transformá-lo em biodiesel. Já produzido em escala de laboratório, o novo combustível traz uma solução para o passivo ambiental que representava esse óleo.
No início das pesquisas para a reciclagem do óleo usado em fritura de alimentos a intenção era o seu reaproveitamento na obtenção de resinas para a indústria de tintas. “Conseguimos esse reaproveitamento. Produção de Biodiesel já é possível na Ulbra Aí surgiu no mercado o biodiesel, com incentivos públicos para a sua produção e sua forte introdução na matriz energética brasileira. Resolvemos, então, partir para este reaproveitamento e também conseguimos”, disse a coordenadora do curso de Química, Dione Corrêa.
Em parceria com a universidade, a Tecpon Indústria e Comércio de Produtos Químicos Ltda, de Cachoeirinha, fez um levantamento em cerca de 300 restaurantes de vários municípios da Região Metropolitana. Foi constatado neste universo um potencial de cerca de 12 mil litros mensais de óleo usado em fritura de alimentos. “Em média, para cada litro de óleo reciclado temos um reaproveitamento de 80% em biodiesel. Os outros 20% podem ser reaproveitados em forma de glicerinas, sobre as quais também estamos trabalhando para o seu aproveitamento como cicatrizantes de feridas em corpos humanos”, explica Dione.
Trabalhar com a reciclagem de óleo usado na fritura de alimentos exige procedimentos químicos variados pois, normalmente, esses óleos são distintos uns dos outros, pela quantidade de vezes que foram usados nas cozinhas dos restaurantes, pelas temperaturas a que foram submetidos e até mesmo pelas suas origens. Tudo precisa ser analisado e todas as variáveis consideradas nesta análise. “O fundamental é chegar ao fim do processo de reciclagem com um óleo limpo e pronto para seu reaproveitamento, seja lá para o que for, inclusive para o biodiesel”, lembrou Dione.
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Diário de Canoas, 24/07/2007)