Testes feitos com biodiesel produzido totalmente com tecnologia brasileira mostram que o produto já está apto para ser usado em automóveis, informou hoje a Petrobras.
De acordo com o gerente de Desenvolvimento Energético de Gás e Energia da estatal, Mozart Schmitt, carros que utilizaram a mistura do biodiesel feito de mamona no diesel tiveram o mesmo desempenho e impacto no motor de outros que usaram somente o diesel.
"Isso comprova que a Petrobras já sabe produzir o biodiesel de mamona que atende não apenas as especificações da ANP (Agência Nacional de Petróleo) como o consumidor", afirmou Schmitt.
Os resultados dos testes são preliminares. Foram usados seis veículos que deverão percorrer 100 mil quilômetros cada, dois deles com diesel, dois com 2% de biodiesel adicionado ao combustível e outro dois com 5% de biodiesel.
Schimitt admite, porém, que a tendência é que o biodiesel produzido pela Petrobras seja resultado da mistura do óleo de oleaginosas típicas do Brasil, como mamona e dendê, com o óleo da soja. Isso será feito para facilitar que o óleo atenda às especificações da ANP, já que o biodiesel de mamona, por exemplo, é mais viscoso e tem densidade maior e tem que ser mais refinado para se enquadrar no que é exigido pela agência. "Essa é a melhor solução do ponto de vista operacional", disse.
Para os pesquisadores, a vantagem de produzir o biodiesel com as oleaginosas no Brasil é que, além de incentivar a agricultura familiar, é possível utilizar a massa que resta da produção (torta) para fazer álcool ou ração para gado, por exemplo. "A mamona é muito promissora pelo fato de se fazer álcool com a torta, o que está em estudo", explica Schmitt, acrescentando que o álcool produzido da mamona pode ser usado tanto no processo de produção de biodiesel quanto para ser vendido como combustível.
Já no caso de girassol, cerca de 60% do produto é fibra e proteína, o que pode ser usado como alimento para animais e para humanos.
"Quando eu cultivo grão para o biodiesel, simultaneamente estou produzindo alimento. Com isso, estamos fortalecendo a segurança alimentar, que é uma das preocupações do programa. Se existe fome no mundo hoje não é por falta de fornecimento, mas por falta de poder aquisitivo e distribuição de renda", declarou Schimitt em resposta às críticas de que a produção de biodiesel pode levar à falta de alimentos.
(Lorenna Rodrigues, da
Folha Online, 24/07/2007)