O governo da Bolívia enviará no dia 3 de agosto uma delegação ao Brasil para expor sua preocupação com possível dano ambiental que podem causar as duas represas que serão construídas no rio Madeira, na região de fronteira.
A visita a Brasília foi confirmada hoje pelo ministro de Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, durante seu pronunciamento aos legisladores da Comissão de Exteriores do Senado, segundo o presidente dessa instância, Tito Hoz de Vila.
Segundo o senador, militante da aliança opositora Poder Democrático e Social (Podemos), Choquehuanca expôs os riscos de inundação de áreas de cultivo e florestais no departamento (Estado) boliviano de Pando, fronteiriço com o Brasil, por causa das represas.
As duas barreiras serão erguidas sobre o rio Madeira e permitirão a construção de duas hidroelétricas consideradas estratégicas pelo Brasil, que com elas quer gerar 6.450 megawatts, equivalentes a quase 8% da demanda nacional.
A represa de Jirau ficará a 84 quilômetros da fronteira com a Bolívia e terá um reservatório de 258 quilômetros quadrados, enquanto a de Santo Antônio ficará a 190 quilômetros, com um reservatório previsto de 271 quilômetros quadrados.
O governo do presidente Evo Morales pediu ao do Brasil para que pesquise os possíveis danos ambientais que as duas instalações podem causar ao seu território.
Segundo Hoz de Vila, na comissão parlamentar que recebeu o relatório do chanceler existem "visões encontradas", entre os membros do governo e a oposição, sobre as conseqüências sociais e econômicas do projeto.
O senador Roger Pinto, também do Podemos e representante do departamento de Pando, acompanhará a delegação do governo que viajará a Brasília para a reunião do dia 3 de agosto.
Segundo o governo boliviano, as represas podem provocar, além disso, perdas do solo da região, de colheitas, de recursos florestais, de infra-estrutura e causar migrações nas regiões fronteiriças a Pando.
Também a diminuição ou extinção de espécies aquáticas, danos ao ecossistema, perdas econômicas e doenças tropicais como malária, dengue, leishmaniose e febre hemorrágica, entre outras.
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EFE, 24/07/2007)