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2007-07-25
Cerca de 300 produtores rurais do município de Sena Madureira estiveram reunidos na segunda-feira (23/07) para pedir, mais uma vez, a anistia da dívida de R$ 15 milhões que eles contraíram há 11 anos junto ao Basa (Banco da Amazônia) para um fracassado projeto de plantio de pupunha.  Na época, a extinção do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e o fim da parceria entre o banco, governo do Estado, prefeitura e produtores resultaram na inadimplência impedindo novos créditos dos agricultores tanto de recursos do FNO (Fundo Nacional do Norte) como de qualquer outra fonte.

Parte dos produtores contraiu o empréstimo para o plantio da pupunha, mas a maioria fez investimentos na compra de novas vacas-matrizes, na construção de cerca, açudagem e no plantio de café.  Vários agricultores lembraram que o interesse da maioria na época era criar gado, mas os dirigentes das instituições envolvidas no projeto induziram eles a investir na pupunha e no plantio do café, que no ano da primeira safra caiu de R$ 42 para R$ 8 a saca.

A reunião, realizada na Câmara Municipal, aconteceu paralela aos debates que os deputados federais Fernando Melo (PT) e Sérgio Petecão (PMN) promoveram para definir as rubricas nas quais deverão ser aplicados os recursos os R$ 12 milhões que foram alocados nas emendas individuais deles dois.  Segundo consenso da maioria, somente os deputados podem resolver a questão, já que o dinheiro saiu de fonte federal e o Basa tem autonomia para promover descontos da dívida, mas não para anistiá-la.

"Na época em que fizemos o plantio, tivemos a promessa de que o Basa iria, inclusive, construir uma fábrica de palmito, coisa que não aconteceu.  Nossa pupunha morreu, não teve mercado e o fogo de 2005 destruiu o que sobrou", disse Adão Barcelos, produtor da Associação Canaã do Projeto Favo de Mel.

"Percebemos que o agricultor piorou a qualidade de vida em função dessa dívida, mas queremos lembrar que o banco não é o único vilão da história.  O erro foi conjunto.  O problema foi da falta de preço do mercado, mas também da política agrícola mal feita naquele momento", disse a gerente regional do Basa, Michele Batriche.  Ela disse ainda que a tendência agora é de não haja mais prejuízo porque o prefeito Nilson Areal decidiu recriar o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural que foi desativado há algum tempo.

No final, todos ficaram cientes de que o Basa não pode anistiar as dívidas e que questões semelhantes de várias partes do País estão sendo encaminhadas através do Movimento "Grito da Terra" da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura) ao Congresso Nacional, que já criou uma Frente Parlamentar para discutir o assunto.  Fernando Melo é um dos representantes da região Norte dessa Frente.  "Vocês têm que se organizar através da Fetacre (Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Acre) para que a demanda de vocês possa chegar em Brasília", disse o parlamentar.

Além dos produtores, e das autoridades já mencionadas, estiveram ainda no encontro a maioria dos vereadores, os deputados estaduais Mazinho Serafim (PT) e Gilberto Diniz (PT do 8), ambos da região, e o prefeito Nilson Areal.
"Pedimos votos lá atrás, agora estão retribuindo.  São de políticos assim que precisamos", disse Mazinho Serafim se referindo aos parlamentares da bancada federal.  Após a sua falação, todos os presentes aplaudiram e cantaram parabéns para o deputado-defensor da classe trabalhadora rural, que ontem completou 37 anos de vida.

(Por Cleber Borges, Página 20, 24/07/2007)


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