Um informe sobre o impacto da atividade mineira na localidade jujenha de Abra Pampa apontou que 81% das crianças entre 5 e 12 anos têm chumbo no sangue superior ao permitido. O informe foi incluído nas denúncias que as comunidades de La Puna realizaram em meados de junho deste ano diante do promotor federal geral, Gustavo Gómez, titular da Unidade Fiscal de Delitos Ambientais (UFIMA), cuja dependência em Tucumán tem como jurisdição o Noroeste argentino.
A Universidade de Jujuy foi encarregada de realizar o estudo baseado num pedido do administrador da região, Herman Zerpa, ao ter conhecimento de uma quantidade importante de casos de doenças provocadas pelo chumbo. Esses teriam origem nas proximidades da Metal Huasi, uma fundição abandonada.
Graciela Bovi Mitre, titular do Grupo de Pesquisa Química Aplicada (INQA) da Universidade de Jujuy, informou que os valores correspondem a uma mostra de 234 crianças de 5 a 12 anos moradores desse povo punhenho, no qual permanece abandonada - há 25 anos - a fundição "Metal Huasi", que gerou uma montanha de resíduos de metal de cerca de 10 mil toneladas. A mostra também analisou casos de crianças moradoras do bairro 12 de Outubro, construído sobre esse mesmo material contaminador.
81% corresponde aos casos que mostraram níveis de 5 microgramas por decilitro de sangue, Bovi Mitre esclareceu que esse é o nível a partir do qual as crianças podem ter danos neuromadurativos. Como exemplo do que mostram as estatísticas, estão os casos concretos como o de Raúl García, morador de bairro 12 de Outubro e que tem quatro filhos, um deles de 16 anos - que parecem 9 - e que tem 23,3 microgramas de chumbo por cada decilitro de sangue e outro, de menos de um ano, com uma medida de 41,3 de chumbo no sangue.
Essa é uma das tantas problemáticas surgidas pela contaminação produzida por empreendimentos mineiros abandonados. Uma pesquisa realizada no ano passado com 1.800 mulheres deu como resultado que 520 tinham lesões pré-cancerosas; 480 tiveram que ser submetidas a crio-cirurgias e umas 10 (entre 25 e 28 anos) já tinham a doença desenvolvida.
Diante da demanda explícita das comunidades, no dia 7 de julho, se concretizou nessa cidade um encontro com funcionários provinciais, nacionais e com o bispado de Humahuaca, destinado a conformar uma mesa que controle o cumprimento de um plano de Remediação Integral do passivo ambiental, ou seja, a limpeza da zona dos dejetos gerados pela atividade mineira. À liderança das reclamações, colocou-se a dirigente kolla Roasario Quispe, seguida de perto por mais de cem presidentes de comunidades punhenhas que se manifestaram contra as mineradoras a céu aberto, a favor de procedimentos para o cuidado do meio ambiente e da participação em programas de governo.
(Adital/
Envolverde, 24/07/2007)