A compensação de carbono desempenha um importante papel na luta contra as mudanças climáticas, mas essa atividade precisa de um código de prática, afirma o comitê ambiental dos parlamentares britânicos. Compensar voluntariamente é diferente de comprar compensações de carbono em esquemas compulsórios, como o Protocolo de Kyoto, e envolve indivíduos e companhias que pagam a empresas para cortarem emissões a seu favor.
"Sem transparência, consumidores terão pouca confiança para comprar ou negociar emissões – e o mercado necessita dessa confiança para crescer", alerta o relatório divulgado nessa segunda-feira (23) e preparado pelo Comitê de Auditoria da Câmara Ambiental dos Comuns do Reino Unido. "O governo precisa agir rapidamente", enfatiza o documento, ao mesmo tempo em que taxa de muito restritiva uma proposta britânica apresentada recentemente para alinhar o mercado voluntário de acordo com os padrões compulsórios necessários para a negociação por meio de Kyoto.
“Essa restrição desnecessária pode afetar seriamente o crescimento do mercado de Reduções de Emissões Verificadas”, avalia o comitê. O relatório acrescenta que o mercado regulado tem rejeitado largamente projetos na África, por exemplo – algo que o mercado voluntário poderia remediar. Para ilustrar a necessidade de padrões, é citado um projeto em que plantas morreram por falta de água, quando, na verdade, deveriam ter absorvido dióxido de carbono e compensado as emissões de gases causadores do efeito estufa provenientes dos shows da banda de rock Coldplay.
Outra preocupação é a de que a compensação de carbono tem sido muito usada como estratégia de marketing pelas empresas – assim, uma empresa pode se dizer neutra em carbono (o que significa que compensa todas as suas emissões) sem, na realidade, mudar de comportamento. Um exemplo são as evidências apontadas no documento de que as emissões de carbono do banco britânico HSBC aumentaram no ano em que a instituição se declarou neutra em carbono – 2005.
As empresas podem ser forçadas a oferecer compensação de carbono aos seus consumidores devido ao grande consumo de energia, explica o relatório, e isso provocou desprezo pelos esforços realizados pela companhia aérea British Airways até agora. “Desde que este esquema de compensação com Cuidado Climático foi lançado em 2005, a British Airways tem encorajado a compra de apenas 1,6 mil toneladas de compensação de emissões em média por ano – o equivalente a quatro vôos de ida e volta a Nova York, aproximadamente, informa.
A aposta na compensação voluntária tem sido muito bem sucedida, especialmente para empresas como Google, Yahoo, Marks and Spencer e News Cororation, que dão passos para a neutralização de carbono, com estimativas variando entre o dobro e o triplo das negociações do último ano. O relatório também chama atenção para um relaxamento das regras dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (instrumento para comércio de créditos de carbono por meio do Protocolo de Kyoto), dizendo que estava muito restritivo, burocrático e caro, assim como muito favorável a grandes projetos industriais.
(Por Sabrina Domingos,
Carbono Brasil, Traduzido da Reuters, 24/07/2007)