Diariamente, 3 milhões de toneladas de lixo são geradas no mundo. Só no Brasil, são cerca de 120 mil toneladas de lixo domiciliar. Embora apenas cerca de 20% do lixo brasileiro passe pelo processo de reciclagem, a atividade tem sido uma saída para amenizar a quantidade de lixo produzida no país. Segundo uma pesquisa do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), em 2006, 327 municípios brasileiros operavam programas de reciclagem, envolvendo diretamente 25 milhões de pessoas na coleta seletiva.
A seleção e a recuperação do lixo urbano no mundo, principalmente em países desenvolvidos, já se tornou prática rotineira e generalizada. No Brasil, uma experiência desse tipo tem levado bons resultados para uma cooperativa de catadores de lixo do Rio Grande do Sul. Surgida em 1994, após um curso sobre cooperativismo promovido pela Cáritas (grupo de apoio solidário), a Cooperativa de Construção Civil e Limpeza Urbana Ltda. de Campo Bom (COOLABORE) era, inicialmente, um grupo constituído para prestar serviços de construção civil que acabou desenvolvendo trabalhos na área da limpeza urbana.
Em 1996, após ganhar a licitação para assumir a usina de reciclagem do município de Campo Bom, a COOLABORE passou a contar com um galpão de reciclagem com uma esteira rolante e uma prensa, cedidos pela prefeitura. O lixo colhido na cidade é levado para usina, onde os cooperados separam o lixo orgânico dos resíduos sólidos para fazer a compostagem do material orgânico e comercializar os sólidos.
Os números do crescimento obtido nos últimos anos revelam o sucesso da iniciativa. A venda dos resíduos sólidos que em 1997 era de R$ 67.000 saltou para R$ 300.000,00 em 2003. O crescimento nas vendas possibilitou a aquisição de uma segunda prensa, além de dois caminhões, uma retroescavadeira e um carro. A renda total obtida com as vendas do material sólido é dividida em duas partes: uma é distribuída mensalmente entre os sócios e a outra é acumulada e submetida a uma Assembléia realizada todo final de ano.
Muitos recicladores que estavam desempregados antes do projeto, hoje recebem mensalmente em torno de R$ 540, que se compõem da repartição mensal da renda e de um valor fixo pago pela prefeitura para cada reciclador. Na COOLABORE, as atividades são realizadas em sistema de rodízio e todos os recicladores participam das decisões tomadas na assembléia realizada no final de cada ano e também das reuniões quinzenais do grupo, onde são discutidas a organização do trabalho, avaliação e prestação de contas.
As matérias sobre Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
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Adital, 23/07/2007)