Uma decisão de dois policiais rodoviários federais em Uruguaiana revoltou a população da cidade. Na sexta feira, por volta das 9h30min, eles atiraram e mataram dois cavalos que pastavam soltos no trevo de acesso ao município, na BR-290, para evitar acidentes. Testemunhas presenciaram a cena. A atitude polêmica repercutiu na cidade durante o final de semana. Os nomes dos dois policiais envolvidos não foram divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Quem ficou no prejuízo foi o proprietário de um dos animais, o carroceiro Malmo Pereira, 70 anos. Morador da periferia de Uruguaiana, Pereira notou a ausência do animal logo no início da manhã de sábado, quando foi preparar a carroça para o trabalho do dia.
- Meu único cavalo sempre foi bem cuidado. Ele ficava atado, mas naquele dia escapou. Me avisaram que havia dois animais mortos no trevo de acesso à cidade e, infelizmente, um era o meu cavalo - relata o carroceiro.
Pereira tinha o animal havia seis anos e trabalhou catando lixo e com frete por cinco anos. A falta do cavalo vai refletir em sua renda mensal.
- Não entendo por que eles não recolheram os animais em vez de matá-los. Fizeram o mais fácil. O cavalo sempre fica preso, foi um dia que fugiu. É um absurdo - indigna-se o proprietário.
O comandante da PRF em Uruguaiana, Sidnei Bossardi, diz que não é a favor de violência contra animais, mas antes a vida de um ser humano a de um cavalo:
- Ao meu ver os policiais agiram com prudência. Os animais estavam atrapalhando o trânsito. Normalmente, quando um animal se envolve em acidente com mortes, por exemplo, o dono sequer aparece.
Segundo Bossardi, cerca de 60 animais, a maioria cavalos, são recolhidos a cada dia nas vias públicas de Uruguaiana. Tanto os policiais rodoviários quanto Pereira registraram ocorrência na Polícia Civil.
O chefe do Departamento Municipal de Meio Ambiente, Francisco Valls, pretende investigar as mortes. Conforme a apuração, vai encaminhar queixa de maus-tratos, crime ambiental e atentado ao patrimônio privado ao Ministério Público. A pena, pela lei de crimes ambientais, é de seis meses a um ano de prisão e multa.
Um acordo firmado entre o Departamento de Meio Ambiente da cidade e a o Polícia Rodoviária Federal prevê que animais encontrados soltos na pista deveriam ser encaminhados a um depósito provisório ou ao Hospital Veterinário da Pontifícia Universidade Católica da cidade.
(Por Marina Lopes,
ZH, 23/07/2007)