O aquecimento global está secando lagos montanhosos e pântanos nos Andes e colocando em risco o fornecimento de água a grandes cidades latino-americanas como La Paz, Bogotá e Quito, mostraram pesquisas do Banco Mundial. O risco é especialmente grande no habitat úmido andino conhecido como páramo, responsável por 80 por cento do fornecimento de água aos 7 milhões de habitantes de Bogotá, na Colômbia.
A elevação das temperaturas está fazendo com que as nuvens que cobrem os Andes condensem-se a altitudes maiores. Segundo Walter Vergara, especialista do Banco Mundial em aquecimento global, o chamado ponto de orvalho vai acontecer fora das montanhas, se isso continuar acontecendo. "Já estamos observando que os lagos e pântanos estão secando", disse ele sobre a pesquisa do Instituto de Estudos de Hidrologia, Meteorologia e Ambientais da Colômbia, financiada pelo Banco Mundial.
"As nuvens estão subindo a montanha por causa da mudança no clima, e em determinado momento vão acabar deixando a montanha." O Banco Mundial vai publicar detalhes mais para o fim do ano, disse Vergara numa entrevista por telefone. O derretimento das geleiras, também provocado pelo aquecimento global, pode prejudicar o fornecimento de água para Quito e a geração de energia hidrelétrica no Peru.
Vergara foi o principal autor de uma pesquisa do Banco Mundial publicada no mês passado que concluiu que o Equador vai ter de gastar 100 milhões de dólares nas próximas duas décadas para compensar o recuo das geleiras -- substituindo a água das geleiras pela da bacia amazônica, por exemplo. Os glaciares das montanhas funcionam como um regulador, fornecendo água nos períodos de seca, quando derretem, e absorvendo a água nos períodos de umidade. "O fornecimento de água ficará menos previsível, e durante certas épocas do ano não haverá água nenhuma", disse Vergara.
Vários glaciares, como o Cotacachi, do Equador, já desapareceram, e muitos outros glaciares pequenos vão sumir em uma geração, afirmou o estudo. O desaparecimento do páramo representaria um problema ainda maior, porque mais gente depende do ecossistema para obter água, afirmou o especialista.
(Por Gerard Wynn, Reuters, 20/07/2007)