O produtor rural Tito Paulo da Luz, 65 anos, plantou no ano passado um hectare de mamona em sua propriedade, na zona rural de Santana do Livramento. A aposta na cultura, que começa a se popularizar em solo gaúcho, foi feita também por outros 63 agricultores do município. Juntos, fizeram um acordo com a empresa Brasil Ecodiesel - que opera uma planta de biodiesel na vizinha Rosário do Sul. Mas a primeira experiência não chegou a entusiasmar nos 164 hectares semeados pelo grupo.
A expectativa de Luz era lucrar mais de R$ 2 mil com a produção, mas na hora de colher não teve o resultado pretendido. Pelo contrário, teve prejuízo de R$ 74.
- Alguns pés floresceram, outros não - conta, desolado, enquanto caminha por entre a plantação.
De acordo com a diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Livramento, Eldy Vieira, todos os 64 agricultores que investiram na mamona colherem bem menos do que o previsto.
- Não sei se foi a semente. A questão é que o pessoal não teve sucesso com a cultura - reclama Eldy, que negocia com a empresa uma solução para o problema.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Brasil Ecodiesel Rafael Pinto, os produtores cometem erros na hora de plantar a mamona. Por ser uma cultura nova na região, há falta de conhecimento no manejo.
- O pessoal acredita que a mamona cresce em qualquer solo. Não é bem assim. Acredito que o produtor deve dar uma atenção especial na hora de cultivar uma cultura desconhecida - avalia Rafael.
Para o engenheiro agrônomo Oly Ramos Pinto, que por mais de 20 anos prestou assistência técnica pela Emater na região, a aposta na mamona como alternativa de renda para as propriedades locais deve ser feita, mas com cuidado. Ele diz que faltam estudos técnicos adequados sobre o assunto.
- Não se tem um zoneamento sobre a produção da mamona no Estado. Tem que se ter um estudo de qual solo e semente são adequadas para se investir na produção - diz.
A expectativa é de que o zoneamento da mamona para o Rio Grande do Sul fique pronto até o final deste ano. O estudo técnico foi encaminhado pela Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, ao Ministério da Agricultura. Mas, conforme o delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Nilton Pinho de Bem, o limitador atual é a inexistência de sementes certificadas no mercado. Os produtores usam grãos selecionados que não passam pelo mesmo tratamento dado às sementes, explica De Bem.
Apesar de a primeira colheita ter sido ruim, produtores da região continuarão apostando na mamona e esperam aumentar a renda com a introdução da nova cultura no Pampa.
As dicasPrincipais erros- Plantio em solo pobre
- Falta de manejo da cultura
- Erro na escolha da semente
Alternativas- Consultar técnico que conheça a cultura
- Visitar produtores que já cultivam a mamona
- Manter limpa a área plantada
- Plantar em uma área pequena (máximo de três hectares)
- Promover o consórcio com outras culturas (como o milho)
(Por Leandro Belles,
ZH, 20/07/2007)