A Dow Chemical e a Crystalsev anunciaram ontem (19/07) a formação de uma joint venture para a construção do que deverá ser o primeiro pólo alcoolquímico integrado com escala industrial do mundo. As companhias pretendem produzir 350 mil toneladas de polietileno a partir do etanol extraído da cana-de-açúcar brasileira.
As obras estão previstas para começar em 2008 para que o início da produção se dê a partir de 2011. Ao todo, o pólo deve ocupar uma área de 160 mil hectares, sendo que 120 mil deles de terras cultiváveis. Estima-se que cerca de 3,2 mil empregos diretos serão criados com a iniciativa.
O mais importante é a substituição da nafta pelo etanol na produção do Dowlex , afirmou Pedro Suarez, presidente da Dow na América Latina. É um projeto de importância vital para a geografia estratégica da Dow. É algo grande para a Dow, para a Crystalsev e também para o Brasil , disse o executivo.
Com a implantação em larga escala para o novo processo produtivo para obtenção do polietileno linear, no caso o Dowlex, a Dow espera diminuir sua dependência da nafta, que é extraída do petróleo. Além de substituir uma fonte fóssil por uma renovável, o processo químico que usa o etanol extraído da cana de açúcar para a produção do plástico ainda traz como vantagem o fato de seqüestrar da atmosfera 2 quilos de carbono para cada quilo produzido de Dowlex.
Apesar das empresas trabalharem na parceria há pouco mais de um ano, poucos detalhes do projeto estão definidos. Os executivos das empresas recusam-se, por exemplo, a divulgar o volume previsto de investimentos, alegando que o estudo de viabilidade ainda não está completo. A região que receber o novo pólo também ainda não foi escolhida. Só se sabe que será em algum lugar os estados do centro-sul do país. Estamos realizando diversos estudos para avaliar as vantagens competitivas para definirmos isso na semana que vem , comentou Rui Lacerda Ferraz, presidente do grupo Crystalsev.
O presidente e CEO da Dow, Andrew Liveris, destacou a escolha do Brasil para o empreendimento. Com todo respeito ao embaixador, (Clifford Sobel, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, que estava presente no evento de anúncio), enquanto os Estados Unidos estavam pensando em produzir o etanol, o Brasil já estava fazendo há muito tempo .
O Dowlex produzido pelo futuro pólo alcoolquímico brasileiro deve ser destinado ao mercado interno, mas os executivos da empresa não descartam a hipótese de exportar o produto caso a demanda internacional pelo polietileno favoreça o negócio. O Dowlex também é produzido pela Dow em plantas na Europa e na Ásia.
(Por Adilson Fuzo,
Valor Online, 19/07/2007)