O primeiro-ministro australiano, John Howard, anunciou detalhes do plano para criação de um esquema de negociação de carbono para o país, mas evitou estipular metas para a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. Empresários e ambientalistas dizem que a determinação de metas é essencial para fazer qualquer sistema de negociação funcionar, mas Howard adverte que apressar esse tipo de esquema prejudicaria a economia. O primeiro-ministro disse que o governo definirá metas de redução no próximo ano, depois que o impacto de vários modelos forem testados, e colocou 2011 como um prazo limite para a entrada em vigor do esquema.
“Todas as boas intenções no mundo são ineficazes se destruirmos a nossa economia para conquistar um ganho ambiental”, afirma. “Com tanto debate, nós não podemos confundir pânico com virtude”, acrescenta. O aquecimento global é o maior assunto na pauta política da Austrália e este é ano de eleições. Críticos dizem que Howard não pretende se comprometer com metas de redução antes das eleições porque teme rejeição dos eleitores, no caso de determinar metas muito baixas, ou dos apoiadores executivos, se as metas forem altas demais.
Esta semana, o primeiro-ministro anunciou que investirá 546 milhões de dólares com as novas medidas de combate ao aquecimento global – que incluem sistemas de aquecimento solar em tanques de água de milhares de escolas. Entre as ações previstas estão ainda pesquisas sobre o potencial da energia nuclear no país e incentivos para moradores que instalarem aquecedores solares. Pelos planos para comercialização de carbono, Howard disse que ajudaria empresas com os custos para redução de emissões, além de reconhecer companhias que iniciassem a cortar as emissões antes da entrada em vigor do esquema. Os créditos de carbono seriam distribuídos pelo governo e leiloados, afirmou.
Ambientalistas dizem que compensação e alocação de créditos dessa maneira arruinaria a eficácia do comércio de carbono. Também criticam o discurso de Howard, que, segundo eles, oferece muito pouco. “Se você ler nas entrelinhas do discurso do primeiro-ministro, é enviado um sinal claro de isso é um negócio para grandes indústrias poluidoras”, avalia Catherine Fitzpatrick, do Greenpeace.
A Austrália – um dos maiores emissores de CO2 per capita do mundo – e os Estados Unidos foram as duas únicas nações totalmente industrializadas que se recusaram a aceitar as metas estipuladas pelo Protocolo de Kyoto para redução de emissões de gases do efeito estufa. “A Austrália irá mais do que fazer a sua parte para lidar com as mudanças climáticas, nós faremos isso de uma maneira prática e balanceada”, afirmou Howard.
O primeiro-ministro disse que pretende fazer das mudanças climáticas um tema da reunião de líderes da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, que ocorrerá em Sidney, em setembro, com o objetivo de mostrar que o fórum tem potencial para alcançar a liderança no assunto, já que reúne os maiores emissores mundiais - China e EUA. Sob um sistema de captura e comércio, um governo determinaria um limite na quantidade de gases estufa que seriam permitidos. Então, dividiria esse total em várias partes e lhes daria um valor. Essas partes seriam negociadas entre os emissores.
(CarbonoBrasil/
Ambiente Brasil, 19/07/2007)