(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2007-07-19
Num país de dimensões continentais é possível que cada dois anos uma área florestal do tamanho da Suíça seja destruída sem que a maior parte da população tome conhecimento

 
A percepção do meio ambiente na Suíça...

A partir de várias montanhas que escalei entre o Piz Bernina (4000 m) a leste e o Grand Combin (4300 m) a sudoeste da Suíça é possível enxergar grande parte do território nacional. Dá para identificar a fumaça, procedente, por exemplo, da queima de folhas secas no quintal de uma casa. A fumaça perdura por pouco tempo, porque os vizinhos ou a polícia, ou ambos, avisam logo o responsável pela fumaça lembrando que é proibido poluir o meio ambiente. Em caso de reincidência, a polícia aplica multas.

Observa-se uma sensibilidade aguçada em relação à ecologia. Pesquisas mostram que a principal preocupação do cidadão não é emprego e renda ou o terrorismo, mas o meio ambiente. Especialmente preocupante é o aquecimento global do clima. Os cientistas do Instituto de Pesquisa das Neves e Avalanchas de Davos constataram que o aumento da temperatura média na Suíça é duas vezes maior do que nos demais países do hemisfério norte, causando o derretimento acelerado das geleiras e a diminuição das precipitações em forma de neve. A população sabe que qualquer deterioração do sistema ambiental significa uma barreira ao desenvolvimento sustentável e uma degradação da qualidade de vida e mesmo - no longo prazo – uma ameaça à sobrevivência do país.
 
... e no Brasil

Em países de dimensões continentais como o Brasil, a Rússia ou a China, o cidadão não tem tanta facilidade de perceber a degradação do meio ambiente e tomar medidas corretivas. A superfície do Brasil é de 8,5 milhões de km-2 dos quais a Amazônia legal ocupa 5 milhões, aproximadamente o tamanho da Europa ocidental. Em outras palavras e a título de comparação: se fosse queimada uma floresta na Escócia, a população da Sicília não se inquietaria; se no Algarve um incêndio destruísse um bosque, os poloneses não tomariam conhecimento.

Similarmente a maioria dos habitantes dos estados brasileiros do sul e sudeste provavelmente não percebeu que no início deste mês de julho (01 ao 09.07.2007) houve 1.186 focos de queimadas florestais na Região Norte. Somente uma fração ínfima da população percebeu a destruição: os índios que perderam parte de suas terras e os empresários que ganharam terras para plantio. Quanto às medidas cabíveis contra esse desmatamento, os índios não têm condições de tomá-las e os empresários, obviamente, não querem tomá-las. Destarte o desflorestamento na Amazônia legal – sem considerar o da mata atlântica, do cerrado e da caatinga - alcança anualmente uma superfície que corresponde, em média, à metade do território suíço.

O poder público, porém, e grande parte da sociedade, sobretudo a juventude, estão conscientes da importância da conservação do meio ambiente. O governo elaborou políticas e técnicas de conservação do meio ambiente e de educação ambiental.
Vista dos lençóis maranhenses
 
As políticas ambientais do Brasil...

A institucionalização da Política Nacional de Meio Ambiente inicia-se em 1973, com a criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), fortalecida, em 1989, pela fundação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Ministério do Meio Ambiente (1992). As prioridades da política de meio ambiente são a informação, a educação e a cidadania ambiental, a articulação institucional, a conservação da biodiversidade, dos recursos hídricos e das florestas, bem como o desenvolvimento sustentável do extrativismo.

A informação ambiental conta, entre outros, com o sistema avançado de monitoramento do desflorestamento em geral e das queimadas em particular, construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Vários satélites monitoram 24 horas por dia as mudanças que ocorrem nas florestas e as catalogam num banco de dados georreferenciados. Seis vezes ao dia é emitido um Relatório, accessível na internet, sobre focos nas unidades de conservação florestal.

A partir de 1981 a educação ambiental integra os currículos em todos os níveis de ensino, inclusive na educação não formal, com "o objetivo de capacitar a comunidade para a participação ativa na defesa do meio ambiente". De fato, conforme minha experiência nas viagens e caminhadas pelo Nordeste, os jovens e adolescentes não somente defendem o meio ambiente, mas manifestam um verdadeiro carinho pela natureza.

... e da Suíça

A conseqüente aplicação da política do meio ambiente nos últimos 50 anos conseguiu recuperar os lagos e os rios que eram considerados mortos (sem peixes), melhorar a qualidade dos recursos hídricos em geral, aumentar a extensão das florestas e diminuir a emissão de elementos nocivos no ar, no solo e nas águas.

Contudo, o crescimento populacional, embora pequeno em termos percentuais, mas significativo em relação à diminuta extensão do espaço habitável, anula as melhorias alcançadas, elevando a densidade demográfica que já é quase 10 vezes superior à densidade brasileira, forçando a construção de mais moradias o que, por sua vez, diminui a área verde.

O crescimento econômico, necessário para manter estável a renda per capita da população em expansão, não deixa de aumentar emissões nocivas ao meio ambiente. A atual política suíça de meio ambiente concentra-se, portanto, no aumento da inovação em tecnologias da produção mais limpa e mais poupadora de energia, isto é, na produção que seja cada vez mais sustentável.

Conclusões

Em ambos os países há muito o que fazer em termos ecológicos. O mais surpreendente é que as fontes renováveis de energia de baixo custo de manutenção são pouco aproveitadas, como por exemplo a energia eólica e solar. Na Suíça, a radiação do sol poderia gerar teoricamente 40 trilhões de quilowatt - horas de energia elétrica por ano. As universidades suíças desenvolveram tecnologias de ponta para aproveitar a energia solar nos telhados de prédios públicos e de casas particulares, nos carros e navios. Contudo apenas 0,03% do consumo de energia elétrica é produzido por coletores solares. No Brasil, especialmente no Nordeste onde o sol aparece 300 dias por ano, o potencial da energia solar é evidentemente muito maior, mas menos aproveitado. Por outro lado, a notícia boa é que o uso das fontes renováveis de energia como o álcool é cada vez mais freqüente e que se investe nas pesquisas de outras fontes renováveis para produzir combustíveis.

(Por Paul Ammann, Natal, Brasil, 18/07/2007)



 

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -