No intuito de debater, avaliar e propor diretrizes para o estabelecimento de políticas conjuntas de proteção e defesa das populações indígenas e seus territórios nos Estados e departamentos fronteiriços do Brasil, Bolívia e Peru, teve início terça-feira (17/07) o II Encontro de Povos Indígenas da Amazônia Sul-Ocidental.
O evento, que está sendo realizado no auditório do Teatro Hélio Melo, visa ainda promover o intercâmbio de conhecimentos e experiência entre os povos indígenas dessa região, contemplando grupos integrados e índios isolados.
"A nossa missão é consolidar uma política do movimento indígena na região, principalmente para os que vivem nessa área de fronteira e também aos índios isolados - que é um problema que nos preocupa muito. Pretendemos consolidar esse encontro com a criação de um fórum, que seria um espaço para estarmos dialogando e fazendo o cumprimento das resoluções que tirarmos desse evento", destaca Sabá Manchinery, membro da tribo Manchinery e um dos organizadores do Encontro.
Sabá também se mostrou preocupado com a abertura da Transoceânica e da possível exploração de petróleo na região norte. Segundo ele, essas intervenções podem trazer riscos e prejuízos para a população que não estiver preparada para sofrer os impactos de maneira tão brusca.
"A prospecção de petróleo é algo que nos prende muito a atenção, em função do ingresso de instituições de interesses externos, que na maioria das vezes não leva em conta a população que vive nos locais explorados. Não podemos permitir essas intervenções se não forem garantidos os nossos benefícios e direitos", frisa Manchinery.
O reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Jonas Filho, que prestigiou a abertura do evento, disse que estava muito feliz por poder testemunhar um encontro de tamanha importância, onde o movimento indígen debate ações comuns buscando melhorias para os índios de Brasil, Peru e Bolívia.
"Caso não seja resolvido a maior parte dos problemas enfrentados pelos índios, pelo menos serão apresentadas propostas para solucioná-los. Lembrando que a Ufac irá colaborar no que for possível para garantir melhores condições de vida à população indígena", afirmou Jonas, que aproveitou a oportunidade para revelar ao público presente que a Ufac vai inaugurar um curso superior para indígenas em breve, no município de Cruzeiro do Sul.
Participaram ainda do evento, que terá encerramento amanhã, o deputado estadual Moisés Diniz, o procurador da República Marcos Vinícius de Aguiar, o presidente da Fundação Garibaldi Brasil, Marcus Vinícius das Neves, entre outras autoridades e representantes de povos indígenas dos três países.
(Por Whilley Araújo,
Página 20, 18/07/2007)