As autoridades do Japão confirmaram nesta quarta-feira (18/07) o fechamento da central nuclear de Kashizawaki, a maior do mundo, cuja segurança está sendo questionada depois que o violento terremoto da última segunda-feira (16) provocou vazamentos radioativos. "De acordo com a legislação contra incêndios, é difícil autorizar a exploração da central levando-se em conta a situação. Ordeno que parem de utilizá-la", declarou o prefeito ao diretor da companhia Tokyo Electric Power (Tepco), que explora o complexo nuclear.
O presidente da Tepco, Tsunehisa Katsumata, vestido com o quimono azul de trabalho dos empregados, se prostrou diante do prefeito e apresentou "desculpas profundas por ter provocado preocupação e problemas imensos" --segundo um costume japonês. Katsumata também visitou a central nuclear durante uma hora. Embora tenha destacado que os reatores nucleares não sofreram nenhum problema grave, o diretor afirmou que "sem dúvida, o choque foi maior do que o limite de resistência previsto na época da construção".
A central de Kashiwazaki-Kariwa se localiza apenas a 9 km do epicentro do primeiro tremor de terra de segunda, que atingiu 6,8 pontos na escala Richter, um dos mais violentos dos últimos anos no Japão. Segundo o último balanço oficial, este terremoto provocou nove mortos, mais de mil feridos e destruiu centenas de prédios.
Vazamento radioativoA Tepco já encontrou ao menos 50 pontos de mal funcionamento na usina após os terremotos. Entre os problemas, cerca de cem recipientes contendo resíduos tóxicos foram derrubados pelos terremotos e vários apresentaram perda de líquido. O primeiro tremor também causou incêndio na usina, seguido por um vazamento inicial de água contendo materiais radioativos no mar do Japão. Além disso, a Tepco informou que houve emissão acidental de cobalto-60 e cromo-51 (radioativos) da usina para a atmosfera, mas não se sabe a razão.
Quatro dos sete reatores da usina estavam em funcionamento quando o primeiro terremoto atingiu o Japão, e todos foram fechados automaticamente por um mecanismo de segurança antitremores. Kensuke Takeuchi, porta-voz da Tepco, disse nesta terça-feira que os defeitos são "problemas pequenos" que não apresentam danos ao ambiente externo ou à saúde pública. Apesar das garantias, os vazamentos despertaram uma reação irada de críticos e ativistas antienergia nuclear no Japão. Até altos oficiais do governo criticaram a falta de segurança no país, que se situa em uma das áreas com maior incidência de terremotos do mundo.
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Folha Online, 18/07/2007)