O aquecimento global não é
a única ameaça à vida no planeta. Está em curso o que os especialistas
qualificam de “crise da água” e que já compromete as condições de vida e saúde
de uma ampla parcela da população.
Calcula-se que pelo menos
um terço da população mundial já tenha dificuldades, entre severas e moderadas,
de acesso à água, sobretudo nas regiões setentrional e norte da África. Mais
precisamente: 1,3 bilhão de pessoas não dispõem de água potável e 2 bilhões não
são atendidas por serviços de esgotamento sanitário. Isso sem falar na poluição
dos rios, lagos e outras fontes de abastecimento que provoca milhões de mortes
– notadamente de crianças – que poderiam ter sido evitadas.
Ao longo de milhares de
anos a civilização sobreviveu consumindo a água disponível na superfície do
planeta. No último século, com o avanço da tecnologia, a humanidade passou a
consumir também a água subterrânea, armazenada em lençóis freáticos, aqüíferos,
entre outros. O problema é que nas áreas áridas, semi-áridas e nas grandes
cidades esse estoque de água começa a ficar comprometido.
O quadro se agrava com a
longa história de uso inadequado dos recursos hídricos, poluição de mananciais
e manejo irresponsável e deverá complicar-se ainda mais nos próximos anos, com
o crescimento de países, o aumento da concentração urbana e a conseqüente
demanda por água potável.
“Em 2025 existirão em todo
o mundo 30 megacidades, com mais de 8 milhões de habitantes, e 500 cidades com
1 milhão de habitantes”, prevê José Galizia Tundisi, presidente do Instituto
Internacional de Ecologia de São Carlos, um dos maiores limnologistas do país.
Para responder a esse
desafio, a ABC - Academia Brasileira de Ciências propôs ao IAP - InterAcademy
Pannel, que reúne 96 academias de ciências de todo o mundo em torno de projetos
de grande impacto para o avanço do conhecimento, a criação do Water Programme,
um programa internacional de pesquisa e inovação sobre recursos hídricos.
(Agência Fapesp,
18/07/2007)