Esvaziado pela Assembléia Constituinte, o Congresso boliviano acirrou os ânimos no país contra a construçăo das duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia. O ativismo ambientalista dos parlamentares, no entanto, foi recheado de propostas estranhas. A primeira é apresentar uma apelaçăo ao Parlamento Amazônico. Trata-se de uma entidade criada no papel em 1988 para agregar representantes dos Legislativos dos oito países da bacia do Rio Amazonas, mas que ainda vaga como um espectro entre as instituiçőes multilaterais da América do Sul.
A segunda idéia é a convocaçăo, pelo Senado boliviano, do chanceler David Choquehuanca para que responda sobre sua suposta demora e negligęncia ao cobrar do Brasil explicaçőes sobre os impactos ambientes dos dois projetos, como destacou a ediçăo de ontem do jornal El Deber, de Santa Cruz de la Sierra.
Entretanto, Choquehuanca é um notório aliado de organizaçőes ambientais e ferrenho opositor ŕ instalaçăo das usinas no Madeira. Mais razoável, a terceira iniciativa do Congresso boliviano é enviar um convite ao embaixador do Brasil em La Paz, Frederico Araújo, para que apresente informaçőes técnicas sobre as hidrelétricas. As iniciativas do Congresso boliviano foram encaradas com ironia por diplomatas brasileiros que acompanham o novo entrevero Brasil-Bolívia. Em especial porque partem do princípio de que as usinas serăo construídas na linha de fronteira entre os dois países. Na verdade, a mais próxima, Jirau, estará a 80km da divisa.
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Correio da Bahia, 18/07/2007)