O risco de o Brasil enfrentar um novo racionamento de energia em 2011 aumentou, segundo cálculos do Instituto Acende Brasil realizados em julho, baseados em dados oficiais.
De acordo com a entidade que representa investidores do setor, em 2011 o país terá um déficit de mais de 1.500 megawatts.
A nova projeção leva em conta o acordo firmado entre Petrobras e a agência reguladora do setor elétrico, Aneel, a respeito do despacho de térmicas, e o resultado do leilão de energias renováveis, destacou o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
"O acordo da Petrobras garantiu gás para rodar apenas algumas térmicas, não todas, e o resultado do leilão de energias renováveis foi frustrante", disse Sales à Reuters ao justificar o aumento do risco medido entre os estudo de abril e o divulgado nessa terça-feira, o segundo do Programa Energia Transparente da entidade.
Pelas contas do instituto, se o Brasil crescer 4 por cento ao ano, o risco de falta de abastecimento de energia será de 16,5 por cento em 2011, "bem acima dos 5 por cento considerados seguros pela indústria", ressaltou Sales.
"Mas a própria EPE (Empresa de Pesquisa Energética) tem considerado crescimento econômico de 4,8 por cento, o que nos leva a um risco muito maior, de 26 por cento", disse o executivo.
Em abril, o risco ante crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nesse nível (4,8 por cento) era de 22,5 por cento, enquanto a taxa de 4 por cento remetia a um risco de 14 por cento.
Ele explicou que mesmo com a realização de dois leilões de empreendimentos de energia nova previstos para o final deste mês e para o ano que vem, com projetos para entrar em operação em 2010 (A-3), a energia contratada não será suficiente.
"Pelas regras atuais as distribuidoras só podem contratar 2 por cento da demanda de dois anos atrás, ou seja, 668 MW no leilão deste ano e 720 MW no leilão de 2008, o que é insuficiente", afirmou.
Pelos cálculos do instituto, o país precisaria de 3.100 MW em 2011, se o crescimento se confirmar em 4,8 por cento, o que daria um déficit de 1.712 MW, segundo Sales.
Para resolver o problema, o executivo destacou três pontos fundamentais: tornar transparente a situação crítica de abastecimento de energia para toda a sociedade; regulamentar desde já como seria a situação de racionamento; e criar condições para atrair investimentos no setor.
"Para suprir o que irá faltar, o jeito vai ser construir térmicas, e para isso teremos que ter mecanismos de competição e regulação para térmicas eficientes", avaliou.
(Por Denise Luna, Reuters / Estadão, 17/07/2007)