Muitas famílias de agricultores capixabas ainda praticam a monocultura, em geral cultivando café. Mas as famílias ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) seguem um caminho diferente, pois são estimuladas a diversificar a produção, produzindo principalmente alimentos como arroz, feijão, mandioca, carne, ovos caipiras, verduras, frutas e legumes.
Segundo Valmir Noventa, da coordenação estadual do MPA, é comum ouvir das famílias que estão ingressando no movimento que já estão plantando alimentos. Essa informação é dada com satisfação, registra o coordenador, e é um indicativo da mudança de postura da família.
O trabalho de conscientização vem sendo intensificado, e hoje o MPA já cobre 29 municípios capixabas, como cerca de 260 grupos de base, cada grupo com uma média de 12 famílias.
Nos grupos de base, o MPA promove a troca de experiências dos trabalhos que vão dando certo. As famílias trocam sementes crioulas, sementes de árvores da mata atlântica, e informam as medidas adotadas para controle de pragas, sem uso dos venenos químicos.
Valmir Noventa relata que as famílias ligadas ao MPA também mudam o comportamento em relação a plantios de mata atlântica, com vistas a aumentar a biodiversidade e assegurar a produção de água. Os plantios de vegetação nativa nos topos de morros, nas encostas e nas margens dos córregos, além da proteção das nascentes e dos alagados garantem a absorção das águas de chuva e sua lenta devolução para os rios.
"Não dá para quantificar quantas famílias do MPA já são agroecológicas. Mas o nosso trabalho é intenso e se reflete, por exemplo, na formação dos pomares pelas famílias. Ainda hoje na roça é muito comum as famílias comprar alimentos nos mercados. Na nossa área de atuação as coisas já começaram a mudar", diz Valmir Noventa.
O MPA também defende uma educação que atenda as necessidade dos alunos do campo. Considera a Pedagogia da Alternância, quando o aluno divide o seu tempo entre a família e a escola, além de difundir a agroecologia, como o modelo ideal de educação rural.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 18/07/2007)