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reator Yongbyon não-proliferação nuclear Coréia do Norte
2007-07-18


A Coréia do Norte desligou seu principal reator nuclear, Yongbyon, de acordo com o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei. A medida é parte de um acordo feito no dia 13 de fevereiro de 2007, em que a Coréia do Norte promete desligar e desativar Yongbyon em troca do fornecimento de combustível e outros tipos de ajuda.

A Coréia do Norte já recebeu um carregamento de combustível da Coréia do Sul como parte do acordo. Embora o desligamento do reator seja, de fato, um importante passo adiante, especialistas advertem que ainda há um longo caminho pela frente. Entenda, abaixo, por que o programa nuclear da Coréia do Norte causa tanta preocupação para a comunidade internacional.

O que foi acertado em fevereiro?
A Coréia do Norte disse que desligaria o reator de Yongbyon em 60 dias. Em troca recebeu a promessa da entrega de 50 mil toneladas de combustível fornecido por cinco outros países envolvidos nas negociações nucleares --Estados Unidos, China, Coréia do Sul, Japão e Rússia.

A Coréia do Norte deveria declarar todas as suas instalações nucleares e desativá-las para receber então mais 950 toneladas de combustível. A Coréia do Norte também concordou em convidar a AIEA a retornar ao país para monitorar o acordo e disse que começaria as conversações para normalizar suas relações diplomáticas com Estados Unidos e Japão.

Qual é a importância do reator desligado?
Tem grande valor simbólico --é uma indicação clara de que a Coréia do Norte leva a sério o acordo. Mas desligar o reator é um processo relativamente simples. Ele pode ser ligado novamente. O teste mais duro virá depois, quando a Coréia do Norte tiver que desativar permanentemente o reator.

E para complicar ainda mais a situação, algumas das questões mais difíceis ainda não foram levantadas --tais como se a Coréia do Norte tem um programa secreto de enriquecimento do urânio, ou o que acontece com qualquer arma nuclear que a Coréia do Norte já tenha. Analistas mais céticos afirmam que o acordo de fevereiro é semelhante a um de 1994.

Aquela negociação fracassou depois que os Estados Unidos acusaram a Coréia do Norte de manter um suposto programa de enriquecimento de urânio, e a Coréia do Norte acusou os Estados Unidos de renegarem um acordo para o fornecimento de dois reatores nucleares. Embora existam sinais de uma reaproximação entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte, ainda há suspeitas dos dois lados e um grande potencial para problemas e atrasos.

O processo vem correndo normalmente até agora?
Não. Já há um grande atraso em seu andamento por causa de divergências sobre questões bancárias. Durante meses a Coréia do Norte se recusou a cooperar até que tivesse acesso a recursos da ordem de US$ 25 milhões que tinham sido congelados em uma conta em um banco de Macau.

Os recursos foram congelados depois que os Estados Unidos alegaram que eles estavam ligados a lavagem de dinheiro e falsificação. Embora os Estados Unidos tenham suspendido o bloqueio do dinheiro depois do acordo de fevereiro, a transferência do dinheiro demorou porque vários bancos internacionais tinham receio de receber o dinheiro.

Em junho, o Dalkombank, no leste da Rússia, concordou em atuar na transferência de dinheiro de Macau para Pyongyang. A transferência completa dos fundos foi confirmada no dia 25 de junho, permitindo que o processo de inspeções e envio de combustível fosse iniciado.

Por que a questão da capacidade nuclear da Coréia do Norte é tão importante?
As ambições nucleares da Coréia do Norte têm o potencial de se tornarem a mais grave ameaça no curto e longo prazos à segurança do Leste da Ásia. As duas Coréias ainda continuam, tecnicamente, em guerra, já que não foi assinado nenhum acordo de paz depois da Guerra da Coréia, de 1950 a 1953.

As relações entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul melhoraram muito desde 2000, mas sua fronteira ainda é uma das mais militarizadas do mundo, com milhares de armas apontadas para a capital da Coréia do Sul. E a Coréia do Norte realizou um teste nuclear bem sucedido em 2006, aumentando muito o risco de uma corrida armamentista no Leste da Ásia, já que Japão, Coréia do Sul e Taiwan foram forçados a analisar a possibilidade de construírem o seu próprio arsenal nuclear.

O que é sabido sobre o programa de armas nucleares da Coréia do Norte?
Depois de dezembro de 2002, quando a Coréia do Norte reativou o seu reator de Yongbyon e forçou dois monitores nucleares da ONU a deixarem o país, a Coréia do Norte disse estar trabalhando para construir seu arsenal de armas nucleares.

O problema para o resto do mundo é que é muito difícil verificar a veracidade dessas afirmações. Se o reator de Yongbyon se tornar totalmente operacional, alguns analistas acreditam que pode produzir plutônio suficiente para a construção de aproximadamente uma arma por ano.

A agência de inteligência americana, CIA, disse que um programa separado de urânio enriquecido poderia estar produzindo "duas ou mais" bombas anualmente, até o meio da década, embora a Coréia do Norte tenha sempre negado publicamente a existência do programa.

Especialistas acreditam que a Coréia do Norte possa ter obtido plutônio suficiente para um pequeno número de bombas. As autoridades americanas acreditam que esse número seja "um ou dois". Os Estados Unidos acreditam que cerca de 8.000 bastões de combustível nuclear armazenados em 1994 poderiam ser utilizados para a produção de plutônio apropriado para armamento. Outras estimativas indicam que a Coréia do Norte pode ter agora oito ou mais bombas.

A Coréia do Norte pode lançar uma bomba nuclear?
Embora a Coréia do Norte tenha testado uma bomba nuclear, analistas de segurança não acreditam que ela tenha conseguido construir um artefato pequeno o suficiente para ser lançado em um míssil. Isto significa que, pelo menos por enquanto sua única forma de lançar uma bomba seria por avião, o que os Estados Unidos e seus aliados poderiam monitorar. Mas a Coréia do Norte também está trabalhando com mísseis de longo alcance, um dos quais, acredita-se, poderia alcançar milhares de quilômetros.
(BBC, 16/07/2007)


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