A Apiwtxa (Associação Ashaninka do Rio Amônia) abriu um blog. Na semana passada, por exemplo, publicou nova carta a respeito da invasão da terra deles por madeireiros peruanos. A carta é parecida com a outra que publicada aqui, mas contém mais informações e está dirigida à Funai, Ibama, Exército, Polícia Federal, Itamaraty, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Meio Ambiente e Governo do Estado do Acre.
O governador Binho Marques, políticos e empresários do Acre estiveram recentemente no Peru para aplaudir o presidente peruano Alan Garcia durante a inauguração dos primeiros 60 quilômetros da rodovia que liga o Peru ao Brasil. Todos preferiram silenciar a respeito da grave situação ambiental e indígena na fronteira.
- Amigos na Alemanha iniciaram uma campanha internacional que nos ajudará a pedir esclarecimentos sobre as invasões das madeireiras peruanas no Território Nacional brasileiro. Peruanos desmatam nossa floresta em toda a região da fronteira Brasil-Peru, invadindo a Terra Ashaninka e agora a Reserva Extrativista do Alto Juruá - dizem os ashaninka.
O blog é gerenciado pelos ashaninka na própria aldeia. Eles têm acesso à internet a partir de antena conectada a satélite. Eis a carta:
"Prezado(as) Senhor(as),Apesar de todo o trabalho feito para impedir a invasão das madeireiras peruanas em território brasileiro, não foi resolvido o problema de invasão da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia. Como é de conhecimento de Vossa(s) Senhoria(s), esse trabalho foi realizado de 2001 a 2006, e envolveu reuniões, expedições e perícias técnicas entre os órgãos oficiais peruanos e brasileiros (FUNAI, IBAMA, Exército, Polícia Federal, Itamaraty, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Meio Ambiente e Governo do Estado do Acre). Constatamos, na segunda feira, dia 2 de julho de 2007, em um sobrevôo do IBAMA na área de fronteira, acompanhado da liderança Ashaninka Isaac Piyãko, que o problema continua e o impacto ambiental se agrava cada vez mais.
Lembramos que em dezembro de 2006, houve um sobrevôo do Ibama, acompanhado de lideranças Ashaninka, visando constatar essa entrada das madeireiras peruanas em Território Ashaninka pegando parte da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Na época, as empresas madeireiras peruanas tinham identificado as árvores com plaquetas para sinalizar aquelas que depois seriam derrubadas. Atualmente, essas árvores identificadas estão sendo derrubadas e carregadas para o Perú, não tendo nenhuma ação oficial sido realizada para impedir. Somente foi realizado um levantamento por meio de GPS, constatando então uma entrada de 500 metros em linha reta para dentro do território brasileiro, como pode ser constatado em relatórios elaborado pelo IBAMA de Cruzeiro do Sul.
As invasões, derrubadas e transporte de madeira para o outro país que ocorria antes no Parque Nacional da Serra do Divisor e na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, agora está ocorrendo também na região do Igarapé Arara, dentro da nossa terra e na Reserva Extrativista do Alto Juruá, entre os marcos 39 e 40. A ação das madeireiras também está seguindo em direção à Terra Indígena Ashaninka/Kaxinawá do rio Breu, conforme denúncia de junho deste ano, encaminhada a diversos órgãos governamentais por meio de documento assinado pelos Kaxinawá do Breu, pela Apiwtxa e Movimento Indígena do Juruá.
Portanto, nós Ashaninka exigimos providências urgentes dos órgãos responsáveis, acima citados, para impedir a invasão do nosso território. Exigimos também, imediatamente, um laudo técnico produzido pelos órgãos responsáveis com a nossa participação para medir os impactos causados por essas invasões.
Diante de tudo o que a comunidade disse acima, agradecemos a atenção e como sempre nós Ashaninka estamos dispostos a lutar para defender o nosso território. Mais uma vez nos colocamos juntos para impedir essas invasões o mais rápido possível.
Moisés da Silva PinhantaPresidente da Apiwtxa - Associação Ashaninka do Rio Amônia"
Leia o
blog Apiwtxa.
(
Blog Altino Machado, 12/07/2007)