Porto Alegre, RS – Numa rápida passagem por Porto Alegre, nesta semana, o gerente de projeto da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Renato Saraiva Ferreira, explicou como funciona o Programa Água Doce, que ele coordena, implementado desde o ano passado. O principal objetivo dessa iniciativa é fornecer água própria para consumo humano à população do Semi-Árido, em nove estados do Nordeste, mais Minas Gerais e Espírito Santo, a partir da desalinização da água bruta de antigos e novos poços tubulares.
O programa chegou, até o momento, a 80 localidades com até mil habitantes, caracterizadas por apresentaremm os menores índices de Desenvolvimento Humano (IDH), menores índices pluviométricos, ausência ou dificuldade de acesso a outras fontes de abasteciemtno de água potável e maiores índices de mortalidade infantil. Em resumo, são as comunidades mais carentes que se possa imaginar daquela região, destacou o gaúcho Renato Ferreira, na reunião com diretores do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul.
A água subterrânea salobra ou salina (com alta concentração de sal) é captada por meio de poços tubulares profundos e armazenada em um reservatório, como na ilustração, relatou. Em seguida, ela passa pelo dessalinizador, que usa o processo de osmose inversa, no qual menbranas atuam como um filtro de alta potência. Elas conseguem retirar da água a quantidade e os tipos de sais que se quer extrair, separando a água potável - encaminhada para o abastecimento das pessoas - de um concentrado com os sais.
O efluente (concentrado) é armazenado em um reservatório e distribuído para tanques de contenção. De lá ele pode ser usado como matéria orgânica em sistemas produtivos integrados, numa área de cerca de dois hectares, com criação de peixes (tilápias) e cultivo de forragens para a engorda dos animais. Cada sistema integrado representa um investimento público de cerca de R$ 30 mil.
Um dos objetivos do programa é organizar as comunidade para que elas cheguem a um sistema de auto-gestão dos sistemas produtivos e de dessalinição, a partir da capacitação de agentes locais multiplicadores, referiu o gerente de projetos. Segundo Ferreira, a dessalinização é uma das alternativas para garantir o abastecimeno daquela população, juntamente com as cisternas, adutoras, açudes e outras que estão sendo buscadas.
Por falta de tempo, é bem verdade, não chegou a comentar a polêmica transposição do Rio São Francisco.
(Por Ulisses A. Nenê,
EcoAgência, 14/07/2007)