Após 10 anos de testes em laboratórios e em lavouras no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conseguiram desenvolver a primeira soja transgênica brasileira tolerante a um herbicida. A semente é resistente ao imazapyr, produto químico usado para combater ervas daninhas em lavouras.
A tecnologia já é considerada a segunda no mundo, com características semelhantes à da soja Roundup Ready, desenvolvida pela multinacional norte-americana Monsanto. O clone da enzima que é combatida pelo herbicida usado na pesquisa pertence à empresa alemã Basf, mas foi inserida em plantas de soja pelos pesquisadores brasileiros. Mais de US$ 6 milhões já foram investidos nos estudos da nova cultivar.
- Isso oferece alternativas no mercado e condições para redução dos custos de produção e para beneficiar o ambiente a partir da rotação de culturas - explicou Elíbio Rech, coordenador da pesquisa da Embrapa Recursos Genéticos.
Antes de ingressar comercialmente no mercado, a tecnologia precisa de ajustes jurídicos, detalhamento de regulamentações e do aval do governo federal. Ainda não há previsão de quando o produto começará a ser vendido aos agricultores. O herbicida é utilizado em todo o Brasil, especialmente na cultura do arroz, mas antes da soja transgênica era largamente usado em áreas com a oleaginosa.
No Rio Grande do Sul, o anúncio de uma nova opção foi considerado positivo por especialistas. O gerente-técnico da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto, Dirceu Gassen, diz que o produto será uma excelente alternativa para impedir o avanço de plantas daninhas de difícil controle, como a trapoeraba e a bulva.
- É muito positivo que se tenha uma nova opção para a solução de problemas, para a rotação de herbicidas - avaliou Gassen.
Conforme o técnico, ao longo do tempo, determinadas plantas daninhas passaram a apresentar resistência ou tolerância natural ao glifosato, fato comum em uso continuado. Em princípio, a troca pode ser feita sem prejuízos à produção, mas somente na fase de testes será possível verificar a adaptação da variedade e seu rendimento regional.
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Gustavo Bernardes, ZH, 17/07/2007)